Adversários no debate sobre as causas do desmatamento da Amazônia, ambientalistas e representantes do agronegócio selaram ontem uma trégua e decidiram prorrogar por mais um ano a moratória da soja na região. Pelas regras do acordo, os produtores rurais se comprometeram a não vender grãos cultivados em áreas desmatadas após julho de 2006. O trato também foi assinado pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que prometeu anunciar novas moratórias para madeireiros e criadores de gado em até 60 dias.
Segundo os exportadores, não houve plantio do grão nas áreas devastadas nos últimos dois anos. O clima de entendimento, motivado pelas ameaças dos compradores europeus de boicotar produtos obtidos com a destruição da floresta, foi celebrado por Minc.
Em janeiro, ao anunciar a primeira alta no desmatamento da Amazônia, a então ministra Marina Silva atribuiu as derrubadas à alta nos preços da soja e da carne. Ontem, Minc disse não haver contradição entre essa relação e os resultados positivos da moratória. Ele afirmou que a soja só costuma ser plantada três anos após o corte raso das árvores. Assim, ainda não teria havido tempo hábil para se saber se o cultivo avançará ou não sobre as áreas desmatadas.
Em comunicado, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), uma das signatárias da moratória, isentou os agricultores de culpa pelas derrubadas. O acordo também foi assinado por dirigentes da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Juntas, as entidades controlam 94% do comércio da soja no país.
(O Globo,
FGV, 18/06/2008)