Objetivo é montar lobby internacional para defender seus interesses na reserva em Roraima
GENEBRA - Índios da reserva Raposa Serra do Sol desembarcam na Europa para montar uma lobby internacional para defender seus interesses em Roraima. Auxiliados por ONGs estrangeiras, eles estarão com ministérios das Relações Exteriores, parlamentares e membros do executivo de seis diferentes países europeus.
A turnê passará por Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Reino Unido. A idéia é conseguir apoio externo para que o governo brasileiro seja pressionado a garantir a proteção da reserva. A iniciativa é mais uma frente de oposição contra a idéia do governo de garantir que os conflitos na Amazônia não ganhem uma dimensão internacional.
A missão de indígenas contará com dois representantes dos moradores da reserva. Um deles é Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima. A outra é a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierlangela Nascimento da Cunha, representante da tribo Wapixana.
Em Londres, os índios terão sua agenda organizada pela entidade Survival, ativa na defesa dos interesses
indígenas na Europa, mas que não dá informações sobre quem teria pago pela viagem dos índios. "Os indígenas vão apelar para que os ajudem a salvar a Amazônia", afirma um comunicado da entidade. Entidades católicas da Grã-Bretanha também estariam envolvidas.
Segundo a Survival, a reserva está sendo atacada por fazendeiros que teriam ferido a tiros pelo menos dez pessoas, queimado pontos e até jogado uma bomba. Em Londres, a agenda inclui uma reunião com o
Ministério das Relações Exteriores e com parlamentares em Westminster. "Essa é uma batalha crucial para os índios brasileiros e para a Amazonia. Se os fazendeiros e políticos conseguirem roubar a reserva Raposa Serra do Sol dos indígenas, isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos brasileiras. Não podemos deixar que isso ocorra", afirmou Stephen Corry, diretor da entidade.
Segundo a Survival, a reserva está sendo atacada por fazendeiros que teriam ferido a tiros pelo menos dez pessoas, queimado pontos e até jogado uma bomba.Em Londres, a agenda inclui uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores e com parlamentares em Westminster. "Essa é uma batalha crucial para os indios brasileiros e para a Amazônia. Se os fazendeiros e políticos conseguirem roubar a reserva Raposa Serra do Sol dos indígenas, isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos brasileiras. Não podemos deixar que isso ocorra", afirmou Stephen Corry, diretor da entidade.
Durante a passagem dos indígenas pela Europa, uma série de conferências de imprensa será organizada para pedir uma atenção da mídia estrangeira ao conflito. A idéia é tentar obter o apoio da opinião pública européia e reforçar ainda mais a pressão sobre Brasília.
Imaginário
Os ativistas ingleses prometem até mesmo usar da literatura para convencer a opinião pública a dar atenção ao caso. Segundo a Survival, dois dos principais escritores britânicos - Sir Arthur Conan Doyle e Evelyn Waugh - se inspiraram na região da reserva há décadas para escrever livros de sucesso como "Lost World" e "Handful of Dust".
As entidades que organizam a viagem dos indígenas não poupam críticas ao governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva. As críticas também são dirigidas ao governo estadual de Roraima, por "apoiar os fazendeiros".
Segundo a Survival, um estudo feito nos Estados Unidos e no Brasil apontou que a melhor forma de evitar o desmatamento é protegendo as terras indígenas.
(Por Jamil Chade, O Estado de S.Paulo, 17/06/2008)