O potencial brasileiro de geração de energia a partir dos ventos é gigantesco. Segundo dados do Atlatas Eólico Nacional, elaborado pelo governo federal, chega a 143 mil megawatts (MW), considerando-se apenas a instalação em terra. Com turbinas no mar, o potencial é ainda maior. No nordeste do país, o potencial eólico chega a 75 mil MW, dos quais 25 mil MW se concentram no Ceará. No entanto, aproveitamos hoje apenas 247 MW por meio de 16 parques eólicos distribuídos em oito estados brasileiros.
Mas isso pode começar a mudar a partir de 2009, quando será realizado um leilão de energia eólica. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, durante encontro em Fortaleza (CE) com representantes de governadores de Estados do nordeste, da iniciativa privada e da sociedade civil, entre os quais diretores do Greenpeace Brasil.
Também estiveram presentes ao encontro o presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, e executivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Conseguir juntar cinco governadores e quatro vices do nordeste com o ministro para discutir uma matriz energética limpa para a região já é um grande passo", afirma Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace. "A notícia do leilão é positiva, mas não é suficiente porque não sabemos se depois de 2009 teremos leilões anuais para contribuir com a demanda energética brasileira", avaliou.
Além de não falar sobre a regularidade dos leilões seguintes, o ministro Lobão também não detalhou o montante de energia a ser negociado. O ministro se comprometeu também a organizar um encontro com a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff para discutir o projeto.
O estudo Revolução Energética do Greenpeace demonstra que, com apenas 50% de fontes renováveis, o Brasil poderia assegurar em 2050 uma matriz 88% renovável e R$ 117 bilhões mais barata que a planejada pelo Ministério de Minas e Energia atualmente. A energia eólica é comparativamente mais econômica do que gerações de grande porte a partir de térmicas nucleares ou fósseis.
Confira aqui o relatório A Caminho da Sustentabilidade Energética, lançado pelo Greenpeace em maio deste ano, que analisa as políticas nacionais para mercado de energias renováveis e traça panorama mundial do setor.
Em um país com as dimensões continentais do Brasil, diversificar a matriz e regionalizar as estratégias de aproveitamento energético é prerrogativa fundamental para garantir estabilidade no fornecimento de eletricidade, eliminar a dependência de fontes energéticas caras, sujas e esgotáveis, e também os riscos de racionamento.
"O Brasil vive um momento em que a crescente demanda por energia tem que ser compatibilizada com o desafio global das mudanças climáticas, o que exige a eliminação das fontes fósseis", diz Marcelo Furtado.
Na quarta-feira (19), o Greenpeace discutirá no Senado e na Câmara dos Deputados, em Brasília, uma legislação para promover as energias renováveis no Brasil e garantir sua expansão na matriz energética brasileira.
(
Envolverde/Greenpeace, 17/06/2008)