Poder público deve reassumir controle sobre a produção de alimentos, defende deputado gaúcho
alta no preço dos alimentos
segurança alimentar
2008-06-17
O deputado estadual Ivar Pavan (PT) defendeu semana passada que o poder público reassuma a responsabilidade pelo abastecimento de alimentos. A proposta foi apresentada durante o debate "As opções brasileiras frente à crise alimentar: desafios e perspectivas", realizado quarta-feira (11/06) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.
Para Pavan, as distribuidoras de alimentos pensam somente na lucratividade, e não têm interesse em fornecer comida para todas as pessoas. "Hoje, quando falamos que a população está desnutrida, os cidadãos vão querer cobrar isso da Bunge", exemplifica. "A empresa não tem compromisso com a comunidade, e pensa somente nos seus investimentos. Quem deve garantir o direito de alimentação é o Estado", completou.
Segundo o deputado, toda essa situação é decorrente de um modelo que o país adotou há 30 anos, chamado de Revolução Verde, quando, entre outras coisas, o governo passou a responsabilidade de produção de alimentos para a iniciativa privada. Os países hemisfério Sul, conforme ele, passaram a plantar o que trazia mais vantagens e começaram a importar os produtos que não tinham interesse em produzir. "Os agricultores foram desestimulados a manter a sua agricultura de subsistência", lembrou.
Pavan defendeu ainda que a Petrobras volte a produzir insumos, pois este produto sofreu uma variação superior à inflação no período, e o seu valor está ligado ao preço dos alimentos. "Se medidas não forem tomadas, o Brasil se tornará um grande exportador de alimentos e ao mesmo tempo uma parcela da população passará fome. O mercado não pensa no interesse do cidadão. Quem tem essa função é o poder público", argumenta.
Participaram também da discussão o coordenador estadual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Francisco Signor, e o professor do programa de pós-graduação em desenvolvimento rural da UFRGS, Carlos Mielitz Netto.
Netto acredita que o aumento do preço alimentos não é novidade, já que se manifesta como crise quando os preços começam a subir no mundo inteiro, com alto índice de inflação e passa a ser um problema mundial com conseqüências graves.
Signor afirmou que as pessoas se preocupam apenas com a questão econômica e deixam de lado a ambiental. Segundo ele, sustentabilidade para alguns é ter rentabilidade. "Sustentabilidade não é o que nós vamos explorar hoje, mas de que forma vamos produzir sem comprometer o futuro das novas gerações", enfatiza.
(Por Larissa Fraga, Ambiente JÁ, 17/06/2008)