A cruz, feita de galhos de árvore, já estava cravada no chão de terra quando o garoto de pouco mais de dez anos terminou de preencher a cova com a ajuda de uma enxada. A silenciosa cerimômia em homenagem ao vira-lata de um dos meninos que acompanhavam o ritual é interrompida por um grupo de fotógrafos. Morreu de quê? “De vírus”, respondem com convicção. A alguns passos do túmulo, restos de lixo brotam, como tiririca em campos úmidos, nas margens da Represa Billings. O maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo abastece a casa de 1,5 milhões de paulistas.
“Ali perto da água tem televisão, privada, de tudo. Vem com a gente”, anuncia com pose de gente grande um dos meninos, depois de descobrir o objetivo dos fotógrafos, que participavam da “Expedição Fotográfica De Olho nos Mananciais”. Os 20 curiosos, agasalhados até os dentes para se proteger do frio, fazem parte da campanha organizada pelo Instituto Socioambiental para fortalecer a relação dos paulistanos com suas fontes de água. Cerca de 2.000 pessoas participaram das expedições pelas represas da zona sul da Grande São Paulo. As fotos tiradas na expedição devem ser publicadas em um livro e expostas, no próximo ano. (Clique na foto acima para ver