As nações mais ricas do mundo deveriam enviar uma forte mensagem sobre aquecimento global para fazer com que as grandes economias emergentes se comprometam com o problema, disse nesta segunda-feira (16) a ministra de Clima e Energia da Dinamarca, Connie Hedegaard, em meio a recentes sinais de que os Estados Unidos estão obstruindo os esforços para que as mudanças climáticas se tornem tema central da cúpula do G8.
No mês que vem se espera que a cúpula do G8, em Hokkaido, norte do Japão, formalize a meta definida no ano passado de que as emissões globais de gás do efeito estufa sejam reduzidas até 2050 em 50 por cento em relação aos níveis de 1990. Mas está aumentando a pressão para estabelecer metas de médio prazo de emissões para 2020 e também 2030. "Acho que é uma imensa responsabilidade para o próximo encontro do G8 tomar cuidado para não dar aos cidadãos do mundo a mensagem de que nós agora estamos retrocedendo ou não avançamos", disse a ministra dinamarquesa à Reuters.
"Por isso acho que é muito importante não apenas ter uma meta de longo prazo, mas também fazer uma ligação com a necessidade de ter metas de médio prazo", afirmou Hedegaard depois de uma série de reuniões, incluindo uma com o primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda. Em dezembro, 190 países concordaram com um processo de dois anos de negociação para estabelecer um substituto para o Protocolo de Kyoto sobre redução de emissões de carbono.
A primeira fase de Kyoto obriga muitas nações industrializadas a coibir emissões entre 2008 e 2012, mas não inclui nações em desenvolvimento. O Protocolo de Kyoto expira no fim de 2012 e a meta para o pacto que o substituirá é comprometer todos os países com a redução de emissões. Os Estados Unidos dizem que aceitarão um compromisso de redução de emissões, mas somente com a condição de que países em desenvolvimento que são grande emissores, como China e Índia, também estejam de acordo - algo que até agora eles se recusam a fazer.
Um encontro das grandes economias em desenvolvimento será realizado paralelamente à cúpula do G8, marcada para 7 a 9 de julho, e reunirá Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Coréia do Sul e África do Sul. O encontro das maiores economias emissoras de carbono é uma iniciativa separada do presidente George W. Bush para enfrentar o problema das crescentes emissões da queima de combustíveis fósseis, que os cientistas dizem que aquecem o planeta, provocando a elevação do nível dos oceanos e o degelo de geleiras, além de desencadear mudanças extremas no clima.
Hedegaard disse que os países avançados precisam estabelecer metas de redução de 60 a 80% para fazer com que as nações em desenvolvimento também se comprometam, e ainda deveriam estabelecer alvos provisórios de cortes para alcançar essas metas. "Nós temos de tentar mudar esse hábito de todo mundo esperar para que alguém assuma o próximo passo", acrescentou. "Enquanto os Estados Unidos não mudarem sua posição, a China e outras economias em crescimento não se comprometerão. Não é preciso dizer, pelo que vejo, que os Estados Unidos são a chave."
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 17/06/2008)