O maior desafio para a implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos é o pacto federativo, de acordo com o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), José Machado. Segundo ele, compete aos estados gerir os recursos hídricos que estão dentro de seus territórios.
"Não podemos imaginar que vamos conseguir fazer gestão de águas apenas com a União fazendo política de recursos hídricos. Cada estado precisa cuidar também das águas do seu domínio. Temos que buscar cada vez mais uma política integrada, articulando a área de recursos hídricos com outras: agricultura irrigada, navegação, geração de energia elétrica, saneamento público. Mas essa integração é muito complicada e exige uma visão estratégica, que ainda deixa muito a desejar", afirmou.
Em entrevista à Agência Brasil, Machado afirmou que, embora a política nacional institua a descentralização da gestão hídrica, poucos estados possuem órgãos e gestores preparados para tratar do assunto. Segundo ele, enquanto São Paulo, Ceará, Minas Gerais e Bahia já estão em fases adiantadas de implantação da gestão hídrica, muitos estados avançaram pouco e outros apenas começaram o processo.
Entre os desafios para a gestão dos recursos hídricos no país, o diretor apontou ainda os problemas do Semi-Árido e das regiões metropolitanas. Segundo ele, no caso do Semi-Árido, o problema é a escassez severa de água, que deve se agravar ainda mais com as mudanças climáticas. Nas grandes regiões metropolitanas a preocupação é a recuperação das bacias hidrográficas, pois a maioria dos rios que abastecem os grandes conglomerados urbanos estão poluídos, exigindo investimentos de grande porte para reverter esse quadro.
De acordo com Machado, na Amazônia, a situação é menos preocupante, exigindo apenas o monitoramento permanente e sistemático das águas e atuação no sentido de induzir os países vizinhos, onde estão as nascentes dos principais rios amazônicos, a adotarem também políticas de gestão de recursos hídricos.
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O Dia, 15/06/2008)