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internacionalização amazônia política ambiental brasil
2008-06-16

Uma das razões da não ocupação da Amazônia lato senso pelos norte-americanos é a existência das FARCs-EP. Quando um general brasileiro, Luís Lessa, proclama diante de 700 pessoas num auditório em São Paulo, que as ONGs estrangeiras estão ocupando a Amazônia e a confirmação de reservas indígenas faz parte do plano internacional para dominar a Região, está diagnosticando errado e receitando o pior remédio que existe.

Repetitivo, mas importante. Liga a seta num nacionalismo canhestro e acredita em história da Carochinha (VALE), vira à direita num entreguismo que muitas vezes termina em cargos de diretor, consultor, etc. Generais têm uma dificuldade muito grande para entender realidades além daquelas traçadas no medo de comunistas, terroristas e outras coisas mais embaixo da cama, sem se aperceberem da totalidade do quarto, no caso do quadro.

A real ameaça a Amazônia vem com bandeira supostamente brasileira e as ONGs em sua maioria complementam essa ameaça. Chama-se progresso a qualquer preço. Tem sinônimos: VALE e latifúndio e recebem apoio e garantia das forças armadas na presunção de que isso é nacionalismo. É entreguismo. É o jogo do imperialismo. Boa parte dos militares latino-americanos, a maioria, é historicamente subordinada a esse viés que tanto junta privilégios de estamento, ou seja, instituição à parte do todo, como representam os interesses que não têm nada de nacionais.

É só um futuro de eucaliptos e devastação da floresta, fome e mudanças ambientais irreversíveis, na lorota do tal manejo. Têm um enclave dentro do governo, o lobista norte-americano Mangabeira Unger. São as contradições de Lula. O que há por trás de 700 incautos "nacionalistas" aplaudindo o general Lessa é o capital internacional que sabe que se índios trocam ouro por apito, generais trocam democracia por ditaduras e como disse Vandré, "de morrer pela pátria e viver sem razão". E índios costumam ser ingênuos, de boa fé. Militares não.

É preciso pensar antes de marchar. É fundamental compreender as políticas norte-americanas e das grandes empresas transnacionais para a Amazônia especificamente e para a América do Sul, pois muitos desfraldam o auriverde pendão que a brisa beija e balança, caso das empresas ditas nacionais, com a bandeira de Wall Street e adjacências no bolso. Serão exatamente as nações indígenas que garantirão a integridade do território nacional e a Amazônia. Basta que as forças armadas cumpram o seu dever ao invés de defender interesses privados.

As declarações do presidente Chávez, solicitando às FARCs-EP que se desarmem, libertem os prisioneiros de guerra e se constituam força política pacífica, merecem uma reflexão do próprio Chávez, já que ditas numa conjuntura interna de dificuldades eleitorais e na busca de avanços do movimento bolivariano na Venezuela.

O líder bolivariano pisca o olho num momento difícil e permite ao inimigo avanços através do terrorismo de Estado de Uribe. Da ocupação do Peru por forças militares dos EUA, enfraquece governos irmãos e no conjunto debilita a luta popular. Fortalece setores à direita das forças armadas no Brasil (saudosistas do nacionalismo da ditadura que entregou tudo o que pode - FHC completou a obra) em todos os países da Região.

Luta armada não é apenas vontade ou desejo puro e simples. É conseqüência. A própria história das FARCs-EP mostra isso. Um acordo firmado com um dos governos colombianos resultou numa chacina de militantes eleitos em processo eleitoral dito democrático. É mais ou menos como você estar sendo assaltado e convencer o assaltante a lhe entregar a arma que você entrega o dinheiro. É um momento difícil o das FARCs-EP. Lideranças importantes foram assassinadas, ou morreram naturalmente, ou foram capturadas, mas a luta é fundamental no processo. Não há que se falar em acordo com um governo narco/terrorista como o de Uribe.

Uribe não quer acordo e nem os EUA. As várias tentativas de libertação de prisioneiros de guerra através da troca, mecanismo natural em guerras civis e na Colômbia há uma guerra civil, fracassaram nas traições e nas armadilhas de Uribe. Há centenas, talvez milhares de combatentes, lideranças civis e sindicais presos em cárceres de Uribe. Torturados. Há o tráfico comandado de dentro do palácio do governo.

Chávez, neste momento, deve olhar para dentro de seu país e perguntar-se acerca das dificuldades que enfrenta, das razões de existirem essas dificuldades, num processo golpista que enfrenta e que sabe que é real. Como sabe que declarações desse tipo enfraquecem e debilitam sua própria posição. E isso é ruim, o comandante é decisivo em todo o processo.

Buscar superar essas dificuldades, esses obstáculos. Ceder às afirmações que a luta armada é terrorismo e que hoje os caminhos são diferentes tem sentido na Venezuela. Não num país como a Colômbia, governado por um narco/terrorista comandado de Washington e parte de um plano geral de controle dos países da América do Sul.

Por maiores que sejam as dificuldades das FARCs-EP, do processo interno oriundo de muitas perdas de lideranças, a história da guerrilha se impõe como instrumento de luta para os colombianos. E num momento que o governo Uribe aumenta a pressão militar e as farsas como a do computador de Raul Reyes, usando os velhos instrumentos da mentira golpista de sempre, milenar. A dos cordeiros turvando a água dos lobos.

Há toda uma trama golpista e de ocupação da América do Sul que parte de Washington, de empresas transnacionais como a VALE no Brasil. Que coopta militares como os generais Augusto Heleno e Luís Lessa e que se traveste de patriotismo, mas esse continua a ser sempre o "último refúgio dos canalhas" (Samuel Johnson). Ou dos bobos, depende. O governo Chávez é um dos alvos. As FARCs-EP antes de ser obstáculo, são garantia de luta contra esse processo de dominação. A conjuntura colombiana é diversa da venezuelana, da realidade brasileira. Mas o todo é um só.

A luta dos povos sul americanos contra o imperialismo e as formas de dominação e escravização da classe trabalhadora. A Via Campesina realizou manifestações pacíficas em todo o Brasil no dia 10 de junho e foi reprimida a ferro e fogo num governo que se supõe ser popular. Tem essa pretensão. Contra os que querem uma Amazônia de eucaliptos.

O Brasil, por exemplo, começa a despertar para a necessidade de retomar o controle total do petróleo, o monopólio estatal, pois, de repente, a PETROBRAS descobre que é a quarta maior empresa do mundo em reservas e vai importar petróleo, conseqüência do "nacionalismo" dos contratos que começaram no governo do ditador Geisel. Importar seu próprio petróleo.

E nossos generais se dizem nacionalistas. Não há desenvolvimento possível para a Amazônia dentro do modo de produção capitalista, qualquer que seja o seu nome. Sustentável, através de manejo, isso não existe. E as forças produtivas do capital não abrem mão de devastar em função do lucro, da dominação. É de fato uma nova Idade Média. O domínio da tecnologia isola os povos periféricos e Chávez sabe disso.

O comandante Hugo Chávez piscou. Deve refletir sobre as próprias dificuldades e enfrentá-las, até sob pena de colocar em risco todo o processo de luta popular na América do Sul e por extensão América Latina. E a si próprio, que transcende ao chavismo e se insere noutra parte bem maior de todo o processo. Perceber que a luta é comum. Que na Colômbia e no contexto da Região Amazônica as FARCs-EP têm uma importância capital para garantir a soberania de países como o Brasil inclusive, mesmo que nossos generais comecem a dizer o contrário.

Fizeram isso em 1964, deu no que deu. Não fosse assim os verdadeiros terroristas não estariam tão empenhados em combater a guerrilha por todos os meios, inclusive a mentira midiática, como transformar os índios em algozes da Amazônia. A luta da guerrilha colombiana é por uma Colômbia popular e esse anseio se estende a todos os países da América Latina. No caso dos países chamados amazônicos é decisiva.


(Por Laerte Braga *, Adital, 12/06/2008)
* Jornalista


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