A Biodiversidade vem sendo objeto de convenções internacionais, interesse cinetífico, indústrias farmacêuticas e até estudos do que se chama biomimética. O que se ouve pouco é sua relação com o desenvolvimento econômico, sua capacidade de gerar emprego e renda". Assim começou sua palestra Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da terra Amazônia Brasileira, na São Paulo Food & Wine, evento gastronômico ocorrido entre os dias 11 e 15 de junho, em SP.
Convidado a falar sobre a experiência da organização, Smeraldi lamentou o fato de que a idéia de desenvolvimento que se tem para as regiões ainda menos afetadas pela atividade humana seja apenas para se extrair riqueza delas. Segundo o diretor, é difícil que se pense um projeto baseado no que já existe nessas regiões e como isso pode ser aproveitado da melhor maneira.
"O Brasil possui uma grande diversidade de sistemas. Esses podem ser objeto de atividade de manejo. Se gerencia o sistema como um todo, utilizando uma diversidade de produtos e serviçoes que nele estão disponíveis. As populações dessas áreas - ribeirinhos, pescadores, castanheitos, etc. - sempre dependeram desses recursos e desenvolveram saberes sobre eles. Nem sempre sustentáveis, mas ao menos conciente dos limites permitidos", disse Smeraldi.
O diretor da Amigos da Terra finallizou explicando que nenhum país possui a possibilidade de desenvolvimento de produtos como o Brasil. Para isso, é preciso que se desenvolva um saber vinculado ao produto e que se desenvolve no próprio território em questão. "Precisamos de algo estruturante. Temos o desafio de passar da biodiversidade ao uso com saber para desenvolver produtos novos. Temos de pensar toda cadeia produtiva, do plantio ao beneficiamento, transformando a biodiversidade num ativo", concluiu.
(
Amazonia.org.br, 15/06/2008)