Os resultados de mais uma rodada do Diálogo Florestal da Mata Atlântica, fórum que reunu na última sexta-feira organizações não-governamentais e grandes empresas do setor florestal, se tornam cada vez mais animadores, uma vez que ambientalistas estão conseguindo apóio dos empresários para planejarem a conectividade de áreas preservadas de florestas e que dividem espaço com as plantações comerciais de espécies exóticas. Para tanto, espera-se que o diálogo consiga criar, em fóruns regionais, regras para o fomento a plantações em pequenas propriedades.
Paralelamente ao Diálogo da Mata Atlântica, um grupo de pesquisadores deu dados preliminares de uma iniciativa que deve mudar o panorama da cobertura verde no bioma. Trata-se do pacto de recuperação da mata atlântica. Na ação foram identificados 12 milhões de hectares que não estão competindo com qualquer atividade econômica e que podem ser reconvertidas em áreas florestadas.
O grupo de pesquisadores, liderados pelo professor da Engenharia Florestal da USP Ricardo Rodrigues, vai lançar nos próximos meses um documento com metodologia para a recuperação das áreas identificadas. Elas poderão tanto passar por processos de isolamento como enriquecimento ecológico, ou até plantio total. Os custos para isso, garante Rodrigues, se tornarão pequenos com o aumento da demanda por mudas e sementes.
Segura a bronca, Minc
Por falar em Mata Atlântica, na segunda feira, entidades ambientalistas de Santa Catarina e Paraná terão audiência com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Na pauta, o jogo sujo que está fazendo o Ministério de Minas e Energia e a Casa Civil para licenciar obras do PAC no bioma. O caso mais grave é a usina hidrelétrica de Pai Querê no rio Pelotas, em que a ala pró-setor elétrico do governo se recusa a usar a Avaliação Ambiental Estratégica do rio Uruguai como referência do licenciamento.
A negação em usar a Avaliação do rio Uruguai é um tanto bizarra, pois foi a justiça quem determinou, após a fraude da usina de Barra Grande, que novos empreendimentos na bacia só poderiam surgir após um estudo mais abrangente. O problema é que as conclusões complicam o licenciamento de Pai Quere. É por isso que o Ministério de Minas e Energia está dando uma de joão sem-braço.
A Casa Civil, que sempre tenta parecer isenta (mas não consegue), resolveu arbitrar o jogo da seguinte maneira: aprova um unidade de conservação, o refúgio da vida silvestre do rio Pelotas, mas tira dali a área onde será construída Pai Quere. Detalhe, é ali que estão as áreas mais preservadas.
(OEco, 13/06/2008)