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movimento ambientalista gaúcho Movimento Roessler Henrique Roessler
2008-06-16
Uma das organizações ambientalistas mais antigas do país completa 30 anos de existência. Criada a partir de uma maré mermelha, ocorrida na Praia do Hermenegildo, litoral sul do Rio Grande do Sul, o Movimento Roessler para Defesa Ambiental, segue travando suas batalhas em favor da causa ambiental desde então.

A jornalista e militante da ONG, Catia Cylene, conta que na época do desastre, um grupo de estudantes liderado pelo professor Kurt Schmeling participou da coleta de assinaturas exigindo a solução para a tragédia. "Era o dia 16 de junho de 1978 e assim nascia o Movimento Roessler", lembra.

Desde então, um grupo de ativistas e colaboradores passou a se reunir e discutir soluções para os problemas, não somente de Novo Hamburgo, como de outras cidades do Vale dos Sinos, na Região Metropolitana de Porto Alegre, altamente industrializada. "É uma região que sempre sofreu com poluição do setor coureiro-calçadista e de toda cadeia", ressalta Cátia.

Hoje a atuação da ONG está pautada por vários temas, entre eles, as queimadas, transgênicos, capina química, monocultura, entre outros. Uma das grandes conquistas da entidade foi a luta desenvolvida juntamente com a comunidade hamburguense para a crição do Parque Municipal Henrique Roessler, em Hamburgo Velho. Uma área de 54 hectares de mata nativa, arroio e animais silvestres. "Uma bela floresta, salva graças a mobilização da entidade", destaca a ambientalista.

Mil associados
O Movimento, como é conhecido, mantém um cadastro de mil associados e realiza reuniões semanais, além de possuir representações políticas em conselhos municipais e estaduais de Meio Ambiente. A ONG ainda integra a Associação Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema/RS), sendo presidida pelo doutor em Biologia e Bioquímica Markus Wilimzig.

Cátia destaca alguns projetos com ênfase na educação ambiental, como o Fim da Picada, existente há dez anos e que visa estimular a boa relação do homem com a natureza. "Através de caminhadas, realizadas sempre no último sábado de cada mês, possibilita-se a descoberta das belezas naturais da região onde se vive e a importância de preservá-las", explica.

Outra atividade mantida pelo Movimento é o Jornal do Roessler. Um informativo bimestral que estampa a posição do grupo na capa e divulga ações e aspirações em prol da preservação ambiental e da sustentabilidade planetária. São três décadas de lutas, vitórias e aprendizados com mestres como José Lutzenberger, a quem a ONG homenageia citando uma de suas famosas frases. "Por que eu sempre nado contra a corrente? Porque assim que se chega à nascente".

Quem foi Roessler
Henrique Luís Roessler, nome inspirador da ONG de Novo Hamburgo, nasceu em Porto Alegre em 16 de novembro de 1896, falecendo na mesma cidade em 14 de novembro de 1963. Foi um dos precursores da proteção ambiental no Brasil.

Roessler era um funcionário público de São Leopoldo. Fiscalizava fontes poluidoras dos curtumes, derrubada de matas nativas, caça clandestina, sempre denunciando na imprensa os danos ao ambiente. Publicou 301 crônicas no Correio do Povo, sempre procurando alertar sobre os impactos ao meio ambiente, numa época em que pouco se comentava sobre o assunto. Criou, em 1955, a União Protetora da Natureza, com sede em sua própria casa. Essa entidade morreu com seu fundador.

Manifestando energicamente a sua oposição à forma como os recursos ambientais eram geridos, criou uma nova consciência no seu Estado e foi um exemplo para todo o Brasil. Seu pioneirismo serviu de inspiração para várias ONGs e órgãos do poder público, sendo considerado o grande pioneiro do ambientalismo no Rio Grande do Sul.

Para ler sobre Roessler
Pioneiros da Ecologia. Breve História do Movimento Ambientalista do Rio Grande do Sul- JÁ Editores, 2000. (www.jornalja.com.br)

Roessler, Henrique Luís. O Rio Grande do Sul e a Ecologia – Crônicas escolhidas de um naturalista contemporâneo. Porto Alegre, Martins Livreiro, 1986.

Roessler, O primeiro ecopolítico. Ayrton Centeno. Porto Alegre, JÁ Editores, 2006.

(Por Carlos Matsubara, Ambiente JA, 12/06/2008)

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