FÓRUM: DEGRADAÇÃO DO SOLO CUSTA US$ 6 BILHÕES POR ANO
2002-01-31
A reposição de nutrientes para o solo em função da degradação do uso da terra por técnicas agrícolas equivocadas ou inexistentes, bem como pela aplicação de herbicidas e agrotóxicos custa YUS$ 6 bilhões por ano no Brasil. O cálculo, conforme o secretário-executivo da Coalizão Rios Vivos, Alcides Farias, é do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Farias atribui essa distorção do uso da terra à expansão de fronteiras agrícolas a qualquer custo, especialmente em áreas que dependam de mananciais hídricos. Ele critica o governo federal por direcionar poucos recursos à preservação de rios e muito dinheiro a megaprojetos que apenas trarão degradação do solo, desalojamento de famílias e que poderão ter conseqüências imprevisíveis em termos de mudança climática. -O governo anunciou , no ano passado, R$ 10 milhões para recuperação de pastagens, mas US$ 150 milhões para a hidrovia Araguaia-Tocantins, que vai ter repercussões severas na vida de 35 comunidades indígenas de 11 etnias, compara. No caso da hidrovia Paraná-Paraguai, que está sendo proposta há pelo menos 15 anos, num trajeto de 1,4 mil quilômetros entre Brasil (Mato Grosso) e Uruguai (Nova Palmira), as repercussões são imprevisíveis. -Sabe-se pelo menos que, se for feita uma barreira de 0,5 metro no Pantanal, esse impacto pode ser sentido numa extensão de 300 quilômetros, prevê o secretário-executivo. Existem 17 milhões de pessoas vivendo na área de influência do Pantanal, de 140 mil quilômetros quadrados. Farias acredita que, pelo menos no que se refere a esse projeto, o governo Fernando Henrique tomou a decisão certa, ou seja, resolveu deixar de apoiá-lo em 1997.