Num contexto de escassez e injustiça social com respeito ao uso da água, o Brasil está em uma posição relativamente confortável. O secretário-executivo da Coalizão Rios Vivos informa que o país tem 13% das reservas de água potável do mundo. Se comparada à do México, por exemplo, a situação brasileira é boa, pois esse país latino-americano tem 80% de seus aqüíferos (reservas subterrâneas de água) contaminados e, devido a uma epidemia de cólera que assolou a sua população, entre 1991 e 1992, no auge da contaminação de seus mananciais, teve o consumo de refrigerantes no seu maior nível per capita de todos os tempos, pois as pessoas simplesmente recusavam-se a beber água. -O problema maior do Brasil é a cultura do desperdício. Quando chega no nível cultural, esse problema é de difícil resolução, frisa o secretário-executivo. De acordo com ele, não se trata apenas de perdas na ponta do consumo, mas no processo de captação e transmissão, fase em que se perde 45% da água a ser transmitida ao consumidor final. Em números, isto significa que o Brasil produz , em média, 4,62 bilhões de metros cúbicos de água e desperdiça 2,08 bilhões. Esse índice de perda é ainda mais alto do que o relativo à energia elétrica, da ordem de 16,5% no Brasil, atualmente. Aliás, no que diz respeito ao gasto energético para se ter água potável, Farias , citando dados da Companhia de Saneamento do Mato Grosso do Sul, afirma que, para a produção de 773 metros cúbicos de água, gasta-se 1 megawatt de energia (só para se ter uma idéia, essa quantidade de energia é suficiente, por exemplo, para iluminar mil casas de porte pequeno a médio por dia).