Chega a 60 milhões o número de pessoas, em todo o mundo, desalojadas de suas casas por motivo de construção de barragens, afirmou Alcides Farias, secretário-executivo da Coalizão Rios Vivos. Reportando-se a dados da Unep (agência das Nações Unidas para a proteção ambiental), ele denunciou que 480 milhões de pessoas são hoje alimentadas por grãos cultivados em áreas onde falta água. Na China, por exemplo, a cada ano, os lençóis freáticos sofrem um rebaixamento de 1,5 metro. Como esse país é responsável por grande parte da produção mundial de grãos, corre-se um risco de grave desabastecimento na oferta mundial de alimentos, o que, por sua vez, pode levar à alta de preços sem precedente. A Coalizão Rios Vivos, formada por mais de cem organizações, não resume sua luta à questão dos rios ameaçados - como é o caso dos rios Paraná e Paraguai, cujo leito natural e cuja condição de manancial a milhares de pessoas corre o risco de desaparecer com a construção de uma hidrovia. Hoje, a entidade tem em sua pauta quatro itens básicos de discusão: água, energia, expansão das fronteiras agrícolas (especialmente devido à projução de soja) e monitoramento das instituições de fomento a megaprojetos, como o Banco Mundial.