Índios aguardavam a definição da assinatura para saber se mantinham ou não a ocupação da sede da FunasaNo final da manhã de ontem (12), os dirigentes da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em Brasília, assinaram o documento que autoriza a liberação de 36 carros para atendimento médico às comunidades indígenas do Paraná. Com isso, os índios que ocupavam a sede do órgão em Curitiba prometeram liberar o prédio ainda nesta tarde.
A proposta da Funasa havia sido feita e formalizada na quarta-feira (11), mas os os diretores se recusaram a assinar o documento. O coordenador regional no Paraná, Vinícius Paraná, foi até Brasília, onde participou de uma reunião com os dirigentes na manhã desta quinta-feira, para pressionar a assinatura.
Os índios aguardavam essa definição para saber se mantinham ou não a ocupação do prédio. Eles pediam 35 veículos para fazer o transporte de doentes das aldeias até hospitais. A Funasa prometeu a locação de 17 veículos (10 caminhonetes e sete carros), mais a compra, em até 30 dias, de mais dez carros, e a recuperação de outros nove veículos que estariam em manutenção. Todos seriam usados para a assistência médica indígena.
Segundo o cacique Márcio Lourenço Mbarakadju, da reserva de Laranjinha, no município de Santa Amélia, o grupo já foi informado da assinatura do acordo, mas permanece no local por não ter ônibus para voltar às aldeias. "Os carros que a gente usou para vir foram emprestados por prefeituras e estão em uso no momento", diz. O cacique tenta entrar em contato com empresas para pedir transporte.
Acampados no prédioA ocupação do prédio aconteceu na madrugada de segunda-feira (9). Os indígenas chegaram a impedir a entrada dos funcionários da Funasa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Saúde, órgãos públicos que funcionam no local. Depois de o órgão conseguir na Justiça uma ordem de reintegração de posse do prédio, os índios passaram a ocupar apenas o oitavo andar do edifício e liberaram a entrada dos funcionários.
Esta foi a segunda vez em menos de 15 dias que o prédio foi ocupado. Na primeira vez, em 27 de maio, cerca de 60 índios ocuparam o prédio em protesto contra o atraso no repasse de R$ 824 mil para a Associação de Defesa do Meio-Ambiente de Reimer – organização não-governamental que cuida do atendimento médico nas reservas do Paraná. Os funcionários que estavam no prédio foram mantidos reféns até as 21 horas.
(Por Célio Yano,
Gazeta do Povo, 12/06/2008)