O Prêmio Nobel da Paz de 2006, professor Muhammad Yunus, compareceu ao Plenário do Senado nesta quinta-feira (12/06), em caráter especial, para fazer pronunciamento sobre a criação do microcrédito, modalidade de empréstimo financeiro criado por ele na década de 70 para atender à população pobre de Bangladesh, sua terra natal. Os recursos servem para pequenos empreendimentos que geram emprego e renda, explicou.
A instituição criada pelo visitante denomina-se Banco Grameen, que empresta dinheiro - entre US$ 30 a US$ 100, em média - aos pobres do seu país, sem a exigência de contrapartidas de garantia ou outros papéis. Os principais clientes do banco são mulheres, que representam 97% dos 6,6 milhões de beneficiados pela instituição, cujo principal acionista é o governo local.
Yunus disse que veio ao Brasil também para aprender sobre políticas de redução da miséria no país, observando que, em seu trabalho, lida com níveis muito altos de pobreza. Para ele, a mudança de mentalidade em relação à pobreza mundial "passa pelo domínio dos negócios", atividade estranha para um grande segmento de seres humanos, conforme analisou.
-Se a pobreza não chega aos bancos, os bancos têm que chegar até a pobreza. O objetivo é mudar as instituições colocando o conceito de negócios na pluralidade - sustentou o bengalês, observando que a educação ambiental para os pobres também tem sido uma prioridade no seu país, uma vez que essa prática ajuda a reverter o quadro de excluídos sociais em Bangladesh.
-Nós instalamos, com o microcrédito, cerca de 1,6 mil sistemas domiciliares de painéis solares e desestimulamos o desmatamento para a produção de lenha. Isso também faz parte do que chamo de negócio social - concluiu.
(Por Domingos Mourão Neto, Agência Senado, 12/06/2008)