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eucalipto celulose e papel política ambiental austrália
2008-06-13

Os opositores à construção de uma fábrica de pasta de celulose no vale de Tamar, na ilha Australiana da Tasmânia, parecem estar ganhando a prolongada batalha travada contra o projeto. O primeiro-ministro da Tasmânia, Paul Lennon, renunciou no dia 26 de maio. Sua administração havia apoiado a empresa gunns Limited para levar adiante a construção da unidade. Sua demissão coincidiu com a retirada do banco australiano ANZ, principal financiador, deste projeto de US$ 1,920 bilhão.

Os que se opõem à construção da fábrica mostram preocupação pelas suas conseqüências ambientais, que incluem a destruição de arvores, impacto dos efluentes na água, qualidade do ar e da vida marinha, bem com a emissão de gases causadores do efeito estufa. Também alertaram seus efeitos econômicos, particularmente nos setores turístico, agrícola e pesqueiro. O AZN havia apresentado sem êxito no ano passado um recurso perante um tribunal federal australiano questionando os procedimentos tanto do governo federal quanto do das Tasmânia na aprovação do projeto.

“Acreditamos ser a decisão correta. Todos os bancos deveriam analisar detidamente as razões pelas quais o ANZ resolveu retirar seu apoio”, disse à IPS Paul Oosting, ativista da Sociedade para a Natureza. O banco disse que não faria comentários sobre o assunto, devido à confidencialidade na relação com um cliente, mas o ambientalista atribuiu a medida aos altos riscos do projeto. “Implica o corte de árvores, de grande valor em termos de conservacionismo, que também são um grande receptáculo de emissões de dióxido de carbono. Em uma era de mudança climática, isto constitui um considerável risco financeiro e ambiental”, disse Oosting.

Em fevereiro, o ANZ tornou pública sua política florestal e disse que não financiaria projetos que contemplassem o desmatamento em áreas de alto valor de conservação. Segundo Oosting, os riscos financeiros também foram cruciais. Mencionou o grau de exposição da fábrica de celulose em relação a outras semelhantes na América Latina, os problemas relacionados com a escassez de fundos no sistema financeiro internacional e o alto valor do dólar australiano em relação a outras divisas. Além disso, pesou a oposição do público. A Sociedade para a Natureza havia planejado uma grande demonstração pública contra o ANZ para este mês. “Creio que o banco, e outras instituições financeiras, deveriam se preocupar com os riscos de sua reputação. A maioria dos australianos é contra o projeto da fábrica de celulose e o público foi muito ativo em exteriorizar seu descontentamento”, destacou Oosting.

Lindsay Hesketh, da Fundação de Conservação Australiana, disse à IPS que a preocupação da comunidade pelo impacto ambiental da fábrica foi em parte responsável pela decisão do ANZ de se afastar do projeto, o que considerou positivo. “Existe um acompanhamento muito mais rigoroso sobre a credibilidade ambiental dos bancos”, acrescentou. Além disso, Hesketh considera que a renúncia de Lennon se deveu em parte à percepção existente sobre seu apoio à instalação da fábrica. “A assistência que deu ao projeto em matéria de infra-estrutura e outros recursos fez com que sua posição ficasse insustentável”, acrescentou.

Lennon impulsionou no ano passado uma lei com o objetivo de substituir a es4tatal Comissão de Planejamento de Recursos e Desenvolvimento, encarregada da avaliação de projetos, com um consultor designado pelo governo local. Comentou-se que um advogado da Gunns participou da redação dessa lei. Mais recentemente, Lennon considerava financiar com dinheiro dos contribuintes as tubulações necessárias para abastecer a fábrica de água, uma obra avaliada em US% 57,7 milhões. O novo primeiro-ministro da Tasmana, David Bartlett, descartou a idéia. Segundo pesquisa feita na semana anterior à sua renúncia, a popularidade de Lennon havia caído para apenas 17%. Apesar destes contratempos, Gunns parece disposta a seguir adiante com o projeto. A companhia nega que a fábrica terá impacto ambiental negativo.

A empresa também argumenta que contribuirá para as arcas da Tasmânia com US$ 960 milhões a título de impostos, ao mesmo tempo que criará 3.500 empregos durante a construção e manterá 1.600 quando estiver em funcionamento. A companhia também desmente as especulações sobre a morte do projeto devido à decisão do ANZ de não financiá-lo, já que existe um forte interesse internacional em participar. Mas Oosting disse à IPS não acreditar que Gunns obtenha facilmente fontes alternativas de financiamento não apenas pelos riscos estritamente econômicos, mas também pelo dano à reputação do banco que eventualmente decidir ocupar o lugar deixado pelo ANZ.

A Sociedade da Natureza trabalha com a BankTRack, uma rede de organizações da sociedade civil que faz um acompanhamento das formas como as decisões dos bancos afetam as pessoas. “A atitude do ANZ é um exemplo bem-vindo de uma instituição financeira que assume um enfoque responsável sobre os temas sociais e ambientais. Esperamos que outras sigam esse exemplo”, disse Jeni Tasheva, da BanTrack. “Estamos trabalhando para garantirmos que todos os bancos do mundo estejam bem informados dos riscos associados com este projeto”, destacou Oosting.

(Por Stephen de Tarczynski, IPS, Envolverde, 12/06/2008)

 


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