A Amazônia é um direito soberano do povo brasileiro e cabe a ele decidir se a manterá só com investimentos internos ou com recursos estrangeiros. Essa é a avaliação do economista indiano Rajendra Pachauri, presidente do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), painel de climatologistas ligado à ONU que dividiu com Al Gore o Prêmio Nobel da Paz no ano passado.
"A Amazônia é responsabilidade do Brasil, e as decisões tomadas em relação a ela criarão cada vez mais impacto global", disse Pachauri. Segundo ele, o aquecimento global deve aumentar a força dos furacões: "Desconheço o caso específico do furacão que atingiu o sul do Brasil, mas tende a estar relacionado ao problema global".
Crítico da redução das áreas agriculturáveis, ele vê o biodiesel com cautela: "É preciso inovação e pesquisa para que surja um biodiesel de segunda geração, com maior aproveitamento de energia da matéria-prima".
Pachauri prevê uma queda de 30% da produção agrícola na América Latina em 2050. "Há hoje 820 milhões de pessoas subnutridas nos países em desenvolvimento. Enfrentaremos uma crise alimentar". Ele ressalta, porém, a importância de encontrar alternativas ao petróleo.
No Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, em Brasília, Pachauri promoveu lanternas solares como uma possível solução energética para 1,6 bilhão de pessoas do mundo.
(Folha Online,
FGV, 12/06/2008)