A Samarco Mineração Ltda tem de ser multada pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) em R$ 9 milhões. A exigência, feita nesta quarta-feira (11) ao órgão, é do presidente da ONG Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama), Bruno Fernandes da Silva. Ele denunciou que na última terça-feira, a empresa lançou minério na Praia do Além.
À presidente do Iema, Sueli Passoni Tonini, o presidente do Gama enviou denúncia do crime ambiental da Samarco. Relata que "no mês do meio ambiente, temos o desprazer em denunciar que na Praia do Além, em Anchieta, constatamos no dia 10 do corrente mês e ano, minério". O ambientalista observou "milhares de pedaços de minério de ferro, encontrado ao sul do píer da Samarco, próximo à água" e ainda "pó de minério por centenas de metros em várias partes da referida praia, tendo sido carreado do carregamento de navio".
O presidente do Gama destacou que a área contaminada pela Samarco "é uma Unidade de Conservação para proteção das tartarugas marinhas e restinga". A Samarco é uma empresa da Vale e da australiana BHP Billiton. As empresas inauguram este ano sua terceira usina em Ponta Ubu, passando a produzir 23,5 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano, ampliando em 54% sua capacidade de produção. O licenciamento ambiental foi feito pelo governo Paulo Hartung, apesar do passivo ambiental da empresa.
Na ocasião da inauguração, A Samarco destacava que com a 3ª usina consolidaria "a posição da empresa entre as maiores exportadoras do mercado transoceânico de pelotas de minério de ferro, podendo chegar a 20% de participação de mercado". A Samarco já anuncia a sua quarta pelotizadora em Ponta Ubu e pode construir até dez unidades deste tipo na região.
Mas mantém antigas práticas de poluição. O presidente do Gama afirma que "no ano de 2005, denunciou ao Iema o aparecimento de pedaço de minério naquela praia, mas até a presente data este órgão nada fez". Lembra que no passado, o Iema "aplicou multa de 1 milhão e posteriormente de 3 milhões" à Samarco por poluir a praia.
O ambientalista solicita "vistoria" dos técnicos do Iema à região poluída pela Samarco, e que a empresa seja notificada do dano ambiental que produziu. Exige que à Samarco "seja aplicada multa de R$ 9 milhões, como reza lei estadual", considerando o histórico de degradação ambiental da empresa.
A Samarco Mineração polui o ar do sul do Estado, causando doenças aos moradores, além da destruição ambiental. A empresa ainda utiliza a lagoa Mãe-Bá, um bem natural, como usina de tratamento. A Samarco contaminou a lagoa com metais pesados.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 12/06/2008)