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desmatamento da amazônia carlos minc amazônia
2008-06-12
O programa da TV Cultura reuniu para um debate jornalistas especializados na cobertura de Meio Ambiente e o ministro que recém-assumiu a pasta, Carlos Minc. Nos bastidores, eu - repórter do Planeta Sustentável - e dois biólogos, comentamos - via Twitter, ao vivo - o desenrolar do Roda Viva. Veja os melhores momentos

Na segunda-feira, 09 de junho, o programa Roda Viva, da TV Cultura, levou aos estúdios da Fundação Padre Anchieta o ministro do Meio Ambiente. A entrevista com Carlos Minc é oportuna: ele assumiu o cargo em dia 27 de maio, depois de uma crise política gerada pela saída de Marina Silva, ex-ocupante da pasta e atual senadora em exercício pelo estado do Acre (leia reportagens do Planeta Sustentável no final desta matéria).

A ocasião também é importante para a história do Roda Viva. O jornalista Paulo Markun coordenou, por 10 anos, a mesa de debates do programa. Saiu neste ano e o posto foi ocupado durante alguns meses pelo jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva. Ontem, o programa marcou a estréia de Lilian Witte Fibe como apresentadora. E o Planeta Sustentável estava lá, entre os convidados.

Às 21h40, o ministro Carlos Minc já estava na TV Cultura, em São Paulo. Depois de uma entrevista para outro quadro da emissora, manteve-se numa sala de espera e aproveitou o lanchinho – principalmente os pães-de-queijo –, em companhia dos entrevistadores que o sabatinariam dali a uma hora: Merval Pereira, colunista do jornal O Globo; Michel Astor, correspondente da agência Associated Press; Marta Salomon, repórter especial do jornal Folha de S.Paulo, em Brasília; Rui Nogueira, chefe de redação da sucursal de Brasília do jornal O Estado de S.Paulo, além das perguntas telespectadores, recebidas e organizadas pela jornalista Laís Duarte.

Às 22h20 todos os participantes se encaminharam para o estúdio. Minc acomodou-se na cadeira do centro. Vestia colete – traje pelo qual já é famoso no Planalto – em tons de azul. Em seguida ao "oi, tudo bem?" a jornalista Lilian Witte Fibe já lançou ao ministro: "O senhor esteve na reunião ministerial com Lula, hoje? Participou durante todo o dia? Ótimo, então teremos muitos furos jornalísticos, hein?". Ela se referia à segunda reunião ministerial do ano, convocada por Lula para a discussão da participação de seus aliados nas eleições municipais.

Na chamada do programa, que vai ao ar poucos minutos antes de o quadro começar, a apresentadora falou, incisiva: "A preservação da nossa riquíssima floresta tropical é pra ontem". Witte Fibe encampou a postura crítica ao longo de toda a entrevista, inclusive nos intervalos do programa. Pontualmente às 22h40, a apresentação do Roda Viva iniciou com um vídeo que narrou a trajetória política de Carlos Minc, com destaque para o recorde em licenciamentos ambientais concedidos durante a sua gestão como Secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro: mais de 2 mil licenças em 16 meses de governo, entre 2007 e 2008.

Iniciada a rodada de perguntas a Carlos Minc, o jornalista Meval Pereira, d’O Globo, comentou que o governo Lula rejeitou a ex-ministra Marina Silva e disse que ela deixou a pasta do Meio Ambiente porque não obteve apoio. Ao que Minc prontamente respondeu: "Ela não foi rejeitada, foi uma boa ministra, mas chegou a impasses". E completou, sobre a escolha de seu nome para o ministério: "O que encheu os olhos do presidente Lula foi o licenciamento ambiental no Rio de Janeiro, com padrão rigoroso".

Além dos debatedores, ocuparam a bancada do Roda Viva três twitters, que acompanharam as falas e ações de bastidores do programa. Além do Planeta Sustentável, os comentaristas eram a bióloga Lucia Malla, ligada à preservação dos ecossistemas marinhos, e o biólogo Carlos Hotta, pesquisador da USP – Universidade de São Paulo.

O Twitter é uma ferramenta de rede social. Trata-se de um microblogging ou melhor: uma página da internet que reúne mensagens enviadas pelo usuário e pelo seu grupo de amigos. As postagens têm limite de 140 caracteres, o que equivale a pouco mais de uma linha de texto digitado no computador. Os três twitters que participaram do Roda Viva escreveram, nas mensagens, o termo "#rodaviva". Isso serviu para que os seus textos fossem redirecionados para o Twemes, uma página que agrega todos os usuários do Twitter que comentam assuntos em comum. Por esta ferramenta, vários telespectadores enviaram observações e questionamentos ao longo de todo o programa.

Ainda no primeiro bloco do Roda Viva, Marta Salomon, da Folha de S. Paulo, cobrou clareza nas declarações do ministro: "Qual, afinal, foi o compromisso que o Lula assumiu com o sr?". Minc respondeu: "Eu estou muito à vontade nisso porque não quis nem pedi pra ser ministro. Como todos sabem, impus condições para assumir o cargo. Fiz reunião de 10 pontos com o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff".

Em seguida, Rui Nogueira, do Estado de S.Paulo, questionou: "Qual a política do governo Lula o sr. realmente vai seguir?". Menos expansivo do que nos bastidores, porém ainda com gestos largos, o ministro disse que acreditava mais em gestos do que em palavras. "O governo me prometeu manter restrição de crédito a desmatadores, e está mantendo. Conseguimos o preço mínimo para produtos extrativistas, que está saindo. O governo assinou a criação de três reservas de 2,6 milhões de hectares".

Já no primeiro intervalo do programa, Lilian Witte Fibe disse para o ministro que ele "pula de assunto toda hora. O ministro não deixa a gente perguntar, né?". O segundo bloco do Roda Viva foi aberto com a dúvida de um espectador: "Por que o Brasil não investe no sistema ferroviário na Amazônia?". Nesse momento, as questões no Twitter se avolumaram: "Qual será o peso do Ministério do Meio Ambiente na hora de se decidir investir em trens ou transporte fluvial?", perguntou Carlos Hotta e "modelo fluvial gasta mais combustível que tudo. Olha o aquecimento sendo incentivado...", comentou Lucia Malla. A resposta do ministro ao telespectador foi evasiva: "Eu, em vários casos, sou a favor do ferroviário e do fluvial. Acho interessante ter algumas usinas hidrelétricas...".

Às 23h26 aconteceu o segundo intervalo. Ao saber da duração do programa, o ministro lamentou: "Mais dois blocos, só? Mais dois blocos de 18 minutos?". Na volta ao vivo, Lilian Witte Fibe perguntou: "O sr. falou agora há pouco de crimes ambientais. O sr. chegou a falar em disque-denúncia verde. Como e em que velocidade isso pode melhorar?". E ele respondeu: "Vim hoje para São Paulo de carona com o Lula, conversando sobre essas coisas. Hoje em dia, você sabe qual a porcentagem de multas ambientais que são pagas? Apenas 6%. Precisamos quebrar essa indústria de postergar multas. Isso desmoraliza a Constituição".

Questionado, em seguida, sobre a produção brasileira de etanol, Carlos Minc disse que "o que não podemos deixar é que combustível mais sujo aponte o dedo para o etanol. Acho que, nas áreas mais degradadas, nós temos que intensificar a produção. A parte séria do agronegócio quer regras claras, e nos também queremos".

Michel Astor, da agência Associated Press, assumiu a palavra e disse que era mais barato degradar a Amazônia do que protegê-la. "Como convencer pessoas a recuperar áreas degradadas e a não desmatar?". A pergunta poderia ser vaga, mas era pertinente, levando-se em conta o passado de militância ambiental de Carlos Minc: "Eu acho que temos que fiscalizar e buscar medidas alternativas. Sem medidas alternativas sustentáveis, a peãozada vai pra cima desmatar, depois criar gado... Temos que controlar as cadeias produtivas e ter dinheiro para explorar as áreas desmatadas". A partir de então, Michael Astor foi considerado, entre os comentaristas do Twitter, o "gringo que soube peguntar melhor do que os jornalistas brasileiros".

Outro intervalo às 23h48. Minc brincou com os entrevistadores: "Aproveitem! Agora é o ultimo. Se não for agora, não vai mais". No bloco final do programa, Lilian Witte Fibe perguntou: "Quero saber se tem como crescer sem desmatar as florestas brasileiras." Ao que Minc respondeu: "Eu acho que sim. O desmatamento é um modelo de desenvolvimento predatório e anti-econômico".

"Cadê os pesquisadores brasileiros indo pra Amazônia?", perguntou o americano Astor. E Minc: "Nós vamos conseguir, pode estar certo, recursos pra isso. A partir do momento em que a gente mostrar a nossa soberania, a nossa vontade".

Próximo ao fim do programa, Lilian fez uma pergunta de relevância internacional: "Não é para ontem a questão das emissões de gases poluentes?". Mais uma vez, Minc respondeu de forma incerta: "Precisa ter mais metrô, trem, ciclovia e barcos. Depois, tem que aumentar o nível de exigência das emissões". E fez um apelo aos telespectadores: "Se você regular as emissões do seu carro, economizamos nas emissões. Telespectador, faça a sua parte!".

Os últimos instantes foram em tom de brincadeira: "Quero saber do seu estilo. Quantos coletes, afinal, o sr. tem?", perguntou a jornalista. Pela primeira vez o ministro abriu um sorriso ao vivo: "Agora eu tenho que usar coletes, porque senão as pessoas acham que não sou eu. São 42, mas pretendo ainda ter um à prova de balas".

O fim do Roda Viva não encerrou as perguntas. O jornalista Rui Nogueira, d’O Estado, ainda indagou se a Lei da Anistia deveria ser questionada. "Acho que não. Se desse para investigar cada caso...". Desligadas as câmeras, Minc se levantou e brincou com os debatedores: "Só perguntas fáceis. Vocês me tratam muito bem".

Já saindo do estúdio, ele repetiu a frase para a apresentadora. "Mas assim é fácil, não é ministro? A gente pergunta uma coisa e o sr. responde outra...". Agradeceu a participação dele, sobretudo em sua estréia no programa, e se retirou. Nos bastidores, Carlos Minc ainda continuou a conversa com alguns participantes: "É muito fácil eu ser contra isso, aquilo, mais aquilo... Como governo, a postura tem que ser diferente".

Veja a cobertura ao vivo, registrada nos arquivos do Twemes: nestes links, do começo ao encerramento do programa. Os twitters que acompanharam o debate dos estúdios do Roda Viva estão identificados como "luciamalla"; "carloshotta", biólogos, e "kekageorgino" (eu, repórter do Planeta Sustentável).

(Por Érica Georgino, Planeta Sustentável, 11/06/2008)




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