O governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, inaugurou segunda-feira (09/06) uma das obras mais importantes do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), que é o Sistema de Coleta de Esgotos do Centro do Rio, realizado pela Nova Cedae. Também participaram do evento o vice-governador e secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, a secretária do Ambiente, Marilene Ramos, e o presidente da Nova Cedae, Wagner Victer. Com os novos coletores, cerca de 1.000 litros por segundo de esgotos “in natura” deixam de ser lançados na Baía de Guanabara e passam a ser transportados à Estação de Tratamento de Esgotos de Alegria (ETE), no Caju, onde recebem o tratamento primário. “Até o final do ano, a Cedae inaugura o tratamento secundário de esgotos da Estação de Alegria”, anuncia Sérgio Cabral. “Estamos fazendo o dever de casa para que, até o final de 2010, tenhamos os recursos necessários para realizar o restante das obras previstas do PDBG”, informa o vice-governador.
- O novo Tronco Coletor do Centro evita que sejam lançados cerca de 85 milhões de litros de esgoto “in natura” por dia na Baía de Guanabara. Esse volume é superior ao produzido por nove capitais brasileiras, entre elas a cidade de Vitória. Além do grande benefício ambiental e de despoluição, a inauguração do Sistema de Coleta representa a superação de vários desafios de engenharia e a modernização da operação da rede de esgotamento sanitário do Centro da Cidade - salienta Victer.
A obra reduz sensivelmente o nível de afogamento de toda a rede de esgoto do Centro, facilitando o escoamento e contribuindo para a redução de vazamentos de esgoto na região. Os troncos coletores do Centro têm uma extensão de 8.300 metros, com diâmetros que variam de 1,2 a 2 metros e assentamento retilíneo com profundidade mínima de 4,5 metros e máxima de 14,5 metros nos pontos extremos.
Com a entrada em operação dos novos coletores, a Estação de Tratamento de Esgotos de Alegria teve a sua vazão aumentada de 1.500 para 2.500 litros de esgotos por segundo, beneficiando a cerca de 1,5 milhão de moradores de Santo Cristo, Centro, Gamboa, Saúde, Andaraí, Benfica, Caju, Catumbi, Cidade Nova, Estácio, Grajaú, Macaranã, Praça da Bandeira, Rio Comprido, São Cristóvão, São Francisco Xavier, Tijuca e Vila Isabel. Toda essa rede compreende uma extensão de 15.500 metros de troncos. O conjunto de obras exigiu investimentos da ordem de R$ 175 milhões, com financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e com aporte financeiro do Governo do Estado.
O assentamento dos Troncos Coletores do PDBG, iniciado em 1998, teve um grande impulso nos dois últimos anos com a utilização de um método não destrutivo de construção. Esse moderno método evita que as vias expressas (ruas, estradas e avenidas) sejam avariadas com a abertura de valas e buracos para a colocação de tubulações. As escavações foram executadas em uma profundidade variável de cinco a oito metros.
DESAFIOS DA OBRANa instalação dos coletores tronco do Centro, que vão da Estação de Alegria até o Primeiro Distrito Naval, atravessando toda a extensão da Avenida Rodrigues Alves, foram enfrentados vários desafios como interferências e mudanças do trajeto original, que, muitas vezes, tiveram que ser vencidos manualmente. “Durante o assentamento dos coletores do Centro, os técnicos da Nova Cedae tiveram que solucionar dois grandes problemas, que estavam inviabilizando a finalização da obra”, ressalta Victer.
• DIQUE DA SAÚDE:Um dique, construído na época do Império para a manutenção de navios, o Dique da Saúde, foi encontrado durante a travessia da máquina perfuratriz. A configuração do solo, composta pelo aterramento do dique, impedia o funcionamento correto do equipamento, que chegou a afundar. Nesse trecho da Avenida Rodrigues Alves, próximo à Cidade do Samba, os técnicos aplicaram um método chamado de “jet-grounding”, que consiste na injeção de concreto a alta pressão para consolidar o solo e permitir a perfuração de um trecho de 250 metros de extensão em uma profundidade de oito metros.
• ROCHAS DE ALTA DENSIDADE:Já, na altura da Praça Mauá, uma rocha impossibilitava a perfuração da máquina devido a sua alta densidade. O obstáculo impedia a execução da interligação do coletor tronco do Centro com as tubulações que coletavam o esgoto do Campo de Santana, Praça Tiradentes e Quinze e Avenida Rio Branco. Os técnicos do PDBG estudaram diversas alternativas, inclusive, a travessia dos coletores, que costeariam o Primeiro Distrito Naval, o que não foi realizado pelo alto custo. A solução mais barata e eficaz foi o assentamento dos coletores a uma profundidade de 8 a 15 metros, com uso de retro-escavadeiras, em um serviço praticamente manual. Os 650 metros de coletores foram interligados a um antigo coletor, que recebe o esgoto do Campo de Santana, Praça Tiradentes e Quinze e Avenida Rio Branco.
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Portal do Meio Ambiente, 11/06/2008)