Os catadores de material reciclável desocuparam no início da noite de ontem (11/06) a Praça da Bandeira, em Santa Cruz do Sul, onde protestavam desde a manhã. A decisão de abandonar o local foi tomada após uma reunião com o prefeito José Wenzel e a vice-prefeita, Helena Hermany. Segundo Wenzel, foi acertada a desocupação pacífica da praça porque houve consenso entre as reivindicações apresentadas pelos catadores e as propostas do Executivo.
O descompasso entre a Prefeitura de Santa Cruz do Sul e os papeleiros já provocou outros atritos. Os catadores alegam que não estão recebendo todo o lixo proveniente da coleta seletiva, conforme prevê o contrato da licitação vencida pela Conesul no início deste ano. “Nós não temos recebido o lixo. O galpão está limpo à espera de outros materiais. Eles sempre dizem que não têm contêiner e que não tem como trazer. E, quando trazem, o caminhão é muito grande, não entra no pavilhão e o lixo tem que ser depositado na frente do prédio. É claro que existe reclamação”, argumentou Vera Lúcia, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
No início da semana, procurado para falar sobre as reclamações dos triadores, o secretário do Meio Ambiente, Clero Ghisleni, explicou que o lixo que fica fora do pavilhão gera problemas. “Dias atrás levamos 10 toneladas e o material ficou jogado na rua.” Por isso, segundo Ghisleni, a Conesul estaria viabilizando um caminhão que entrasse no espaço e pudesse deixar o material dentro do prédio. Ainda conforme o secretário, uma solução definitiva só viria com a construção da nova usina de lixo, em São José da Reserva.
A situação, porém, se precipitou com o protesto de ontem, pois a categoria considera inviável esperar até o final do ano – prazo da própria administração para que a usina esteja pronta. “Nós queríamos que a solução saísse antes, pois muitas famílias dependem da triagem do lixo. Têm muita gente na fila querendo selecionar o lixo, mas sem material não dá”, protestou Vera Lúcia.
Sem Desvio
Na manhã de ontem, na primeira reunião do dia com os papeleiros que protestavam na praça, a vice-prefeita Helena Hermany pediu paciência. “Não existe desvio algum desse lixo. Tudo que começamos leva um tempo até funcionar como deve, as pessoas têm que ter paciência.” Conforme a vice, a partir do dia 1º de julho o município vai disponibilizar um galpão mais adequado para os triadores trabalharem, uma vez que o atual não oferece condições. “Estamos em uma fase de transição, nada acontece de uma forma instantânea”, reforçou, argumentando que questões burocráticas impediram que o repasse ao MNCR fosse feito antes. “Não é com um estalar de dedos que se consegue um espaço adequado, mas nós temos um galpão que vai ser entregue no dia 1º de julho.”
Vale do Sol
Uma das reclamações do movimento dos catadores nas reuniões de ontem foi que o lixo de Vale do Sol não estava sendo entregue no pavilhão da entidade, em Santa Cruz. De acordo com o secretário Clero Ghisleni, o cancelamento ocorreu devido às condições do material que era trazido para a cidade. “Vinha muito lixo orgânico junto e o local utilizado pelos catadores só permite a triagem de resíduos secos. A mistura do lixo provoca riscos ambientais e de contaminação”, explica.
O argumento, porém, não convenceu o grupo que alegou também receber muito lixo orgânico na coleta de Santa Cruz. Para pôr fim a mais esse impasse, ficou acertado que o material de Vale do Sol voltará a ser entregue na cidade a partir do dia 1º de julho. Mas o rejeito do município vizinho não
(Gazeta do Sul, 12/06/2008)