Começa, até o fim deste mês, o licenciamento para a instalação do complexo hidrelétrico do Rio Madeira (usinas Santo Antonio e Jirau,) em Rondônia. Essa foi a declaração feita ontem (10) pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante um evento que aconteceu na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O ministro afirmou que tem negociado principalmente com o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, a liberação de licenças ambientais em troca de mais reservas ambientais e outros benefícios para o meio ambiente. "Estamos na expectativa de licenciar pelo menos Santo Antonio até junho. Não terei vergonha de assinar uma licença bem dada", revelou, salientando que as hidrelétricas evitam o uso de energia suja.
Minc disse ainda que o governo iria exigir a legalização da cadeia produtiva na região da Amazônia. Os empresários prometeram empenho pelo projeto. Segundo ele, frigoríficos, agropecuárias, siderúrgicas e madeireiras serão notificados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) até o próximo dia 15 para apresentarem, em 60 dias, uma lista completa de seus fornecedores da região amazônica.
Rio MadeiraCom 1.700 quilômetros de extensão em território brasileiro e vazão média de 23 mil metros cúbicos por segundo, o rio Madeira tem sido alvo, desde 2003, de interesse do Governo e instituições que querem construir usinas hidrelétricas em seu leito. O projeto, chamado de complexo hidrelétrico do Madeira, pretende gerar 6.450 megawatts, pouco mais da metade da potência da usina hidrelétrica de Itaipu.
As usinas foram planejadas para aproveitar a força das corredeiras naturais de Santo Antônio e Jirau, distantes de Porto Velho a seis e 150 quilômetros, respectivamente. Porém, para que isso seja feito, uma área de mais de 500 quilômetros quadrados de terras seria inundada (mais de 50 mil hectares) e mais de 5 mil famílias, segundo os movimentos sociais locais, seriam atingidas diretamente com a construção apenas das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Segundo ambientalistas, o Complexo Madeira pode causar impactos ambientais graves, aumentando o desmatamento e atingindo povos indígenas isolados.
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Amazonia.org.br, 11/06/2008)