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raposa serra do sol
2008-06-12

Durante a execução do seminário "A realidade da Amazônia: Soberania ameaçada, farsa ou realidade?", o público presente pôde perceber como a construção de discursos que velam determinados interesses pode confundir sua compreensão frente a questões complexas como a demarcação das terras indígenas de Raposa/Serra do Sol.  Exemplo disso foi a participação de um representante indígena, Jonas de Souza Marcolino, da etnia macuxi.  Chamado de "professor" pelo resto dos participantes durante todo o cerimonial, Marcolino caiu em contradição diversas vezes em suas falas, não contribuindo assim para a compreensão do que de fato ele pensa sobre o problema todo vivido em sua região.

Na entrevista coletiva dada à imprensa antes do evento acontecer, ele afirmou que "toda cultura indígena está corrompida.  Todas as condições sócio-culturais dos povos de lá são dadas por uma política de governo que não se preocupa em manter as condições originais deles".  Ele disse isso usando terno e gravata - além de uma aliança de casamento.

Em seguida, atendendo a estudantes que realizavam um documentário sobre a disputa que envolve a demarcação das terras da reserva indígena, ele afirmou que quando foi educado (na cultura dos brancos), aprendeu que o Brasil é uma coisa só.  "O meu posicionamento [com relação à demarcação das terras] é contrário porque não tem segurança.  O indígena está à mercê e pode ser demovido a qualquer momento.  Não gostaria de viver só de caça e de pesca".  Sua fala gera uma dúvida: se ele não prentede manter os hábitos originais, por que reclama que os índios do lado oposto ao seu nesse conflito também não fazem isso?

Mesmo afirmando a diversidade entre as opiniões indígenas, Jonas Marcolino falava como se representasse todos os índios da região.  O debate - que mais parecia um ato público, já que não havia ninguém para contrapor suas idéias - serviu para que ele reafirmasse a posição dos grandes arrozeiros da área. O macuxi reclamou, por exemplo, da falta de investimentos na região, pedindo estradas ao governo federal, que coincidentemente serviriam para o transporte da produção das fazendas de arroz.

Outra reclamação feita por ele era o fato de as terras da reserva indígena ocupar as áreas de fronteira do país.  Nova coincidência: é lá que estão instalados os arrozais.  Ainda concordando com as ameaças feitas pelos produtores da região, Marcolino afirmou: "O futuro é incerto.  Se o governo não for inteligente, corremos o risco de ter mais conflitos, ao invés de paz e comunhão.  Os indígenas foram ensinados a expulsar o resto, preparados a morrer pela terra".

Por último, novamente se contradizendo, ele fez o seguinte alerta: "Lá já está tudo desmatado, é um cerrado.  O índio não pode mais caçar ou pescar.  Se não promovermos atividades econômicas com sistemas modernos de produção, veremos daqui a alguns anos os índios morrerem de fome, como ocorre hoje em dia no Mato Grosso".  Jonas Marcolino acusou os índios que reivindicam a posse integral da terra de ser massa de manobra das ONGs estrangeiras que, segundo ele, querem controlar a região, a serviço de seus países de origem.

O que foi o evento
Organizado por diversas entidades empresariais, dentre elas o Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis (Sescon-SP), o Centro da Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional São Paulo (OAB-SP), o seminário "A realidade da Amazônia: Soberania ameaçada, farsa ou realidade?", ocorrido terça (10) na cidade de São Paulo serviu para congregar vozes que afirmam que a homologação da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol (RR) representa uma ameaça à soberania brasileira sobre seu território.

O evento foi marcado por discursos inflamados e retórica vazia a respeito da importância da presença militar na região, bem como de garantir que nações estrangeiras, por intermédio de ONGs, não venham tomar a Amazônia do povo brasileiro.  Outra preocupação levantada lá foi o risco de os indígenas se declararem uma nação independente, talhando assim o território nacional.

(Amazonia.org.br, 11/06/20008)


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