Na quarta-feira (11/06), movimentos sociais manifestaram-se em diferentes partes do Rio Grande do Sul. As mobilizações integram a Jornada Nacional de Lutas Contra o Agronegócio e as Transnacionais e protesta contra o atual modelo de desenvolvimento adotado no Brasil, que leva o povo brasileiro ao empobrecimento.
Em Santa Cruz do Sul, 500 pequenos agricultores mobilizaram-se no centro da cidade para dar visibilidade ao problema do plantio de fumo à sociedade. À tarde, eles protestaram contra a violência da Brigada Militar em Porto Alegre e se encaminharam até a sede do Sindifumo. O integrante da coordenadoria estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Leandro Noronha de Freitas, afirma que o plantio de fumo é um dos empecilhos para a produção de alimentos.
“Fizemos denúncia do grande endividamento do fumo e também denunciamos para a sociedade de Santa Cruz a exploração do povo trabalhador pelas grandes transnacionais, explicando, inclusive, essa questão da cadeira produtiva do fumo, sempre relacionando com a falta de alimento e com a falta de terra que há para a reforma agrária”, diz.
Nas cidades de Piratini e Erval do Sul, os pequenos agricultores ocuparam áreas da Votorantim. As famílias denunciam o avanço da monocultura do eucalipto e da acácia na região sul do Estado. A integrante do Movimento, em Piratini, Neiva Vivian, afirma que a Brigada Militar não permitiu a manifestação. Os brigadianos agiram com truculência e mandaram os cerca de 100 manifestantes para a delegacia, inclusive mulheres e crianças.
“Truculência da Brigada Militar e do governo Yeda, que trata os movimentos sociais dessa forma, com violência. Não nos bateram porque nós saímos pacificamente, mas com certeza teriam nos batido se não tivéssemos saído. Também muita violência psicológica, ficaram dizendo que se não saíssemos rapidamente, nós íamos pro chumbo”, diz. Até o final da reportagem, 80 manifestantes ainda estavam na delegacia de Piratini sem saber o que pode acontecer com eles.
Já em Erval do Sul, cerca de 150 manifestantes permaneceram toda a manhã na área da Votorantim. Os pequenos agricultores protestaram contra as monoculturas que prejudicam o seu trabalho, com o ressecamento de córregos e o desequilíbrio ambiental.
Em Aratiba, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), representantes das cidades da região e entidades reuniram 250 pessoas em ato público. Eles reivindicam o asfaltamento das estradas que ligam os municípios. Desde a implantação da Barragem de Itá, a Tractebel Energia, proprietária da Usina Hidrelétrica, não cumpriu com a promessa de asfaltar as estradas da região.
Em Passo Fundo, os manifestantes que ocuparam a transnacional de alimentos Bunge na última terça-feira (10) conseguiram resgatar o caminhão apreendido pela Brigada Militar. O veículo continha 8 mil kg de alimentos da agricultura familiar, que foram distribuídos a famílias carentes da cidade.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 11/06/2008)