Um tipo de vinho feito ilegalmente de osso de tigre está sendo fabricado e vendido em alguns parques de animais da China, segundo uma organização não-governamental britânica de proteção ao meio ambiente. A Environment Investigation Agency (EIA na sigla inglesa) diz que funcionários de dois parques do país tentaram vender a bebida - feita a partir de vinho de arroz curtido com a carcaça do animal - aos pesquisadores da ong.
De acordo com a EIA, há propaganda aberta do produto - que seria usado para tratar problemas como artrite e reumatismo - nos parques. Os funcionários afirmaram que a bebida havia sido feita de tigres que haviam morrido em brigas com outros animais. Um dos parques chegou a apresentar o que disse ser uma licença do governo permitindo a venda do vinho no local, mas a EIA disse não ser possível verificar se o documento era verdadeiro.
A venda de partes de animais da espécie, que está ameaçada, foi proibida internacionalmente em 1987 e passou a ser ilegal na China em 1989. Há cerca de 3.500 a 7.500 tigres vivendo atualmente em seu habitat natural no mundo, comparados a 100 mil no início do século 20. Apesar dos projetos para salvar a espécie, o número de tigres continua a cair.
A chefe de campanha da EIA, Debbie Banks, fez um apelo para que as autoridades chinesas combatam o comércio ilegal. "Nós queremos que outros parques que tenham tigres sejam investigados para saber o quanto a prática de fazer vinho do osso do animal é generalizada", disse Banks. "Nós também queremos que as autoridades dêem uma mensagem clara à comunidade que esse comércio ilegal não será tolerado", afirmou.
'Fazendas de tigres' - Desde os anos 80, várias "fazendas de tigres" foram montadas na China. Há estimativas de que estes estabelecimentos tenham cerca de 5 mil animais cativos, possivelmente mais do que o número de tigres que vivem em seu habitat natural. Durante a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (Cites, em inglês), no ano passado, a delegação chinesa havia levantado a possibilidade de acabar com a proibição doméstica do comércio de partes do animal, permitindo a venda apenas de partes de animais criados nas fazendas.
O argumento do governo chinês é que essa seria a opção mais sustentável porque atenderia às necessidades de grupos que praticam a medicina tradicional sem ameaçar a população selvagem de tigres. Apesar de essa idéia ter recebido o apoio de alguns grupos de proteção aos animais, outros alertaram que isso poderia prejudicar os esforços do governo chinês para acabar com a caça clandestina.
De acordo com os opositores da proposta, acabaria sendo mais barato matar um tigre selvagem do que um cultivar um em cativeiro e que seria muito difícil identificar a diferença entre os dois. "O fim da proibição levaria a um aumento da caça clandestina. Acabaria sendo muito fácil vender peles, ossos e outras partes dos animais entre as que vêm das fazendas legalizadas", afirmou Banks.
(G1, Ambiente Brasil, 12/06/2008)