Uma alternativa para conter a inflação mundial, puxada pela alta nos preços dos alimentos, é o investimento na agricultura familiar, afirmou na quarta-feira (11) o diretor para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano. “Os agricultores familiares têm capacidade de resposta rápida aos incentivos de aumento de preços”, disse Graziano à Agência Brasil, ao participar da Reunião Interamericana em Nível Ministerial de Saúde e Agricultura, no Rio de Janeiro.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou maio em 0,79%, a maior inflação para o mês desde o início do Plano Real. O índice foi puxado pela alta de 1,25% no preço dos alimentos, que tinham registrado aumento de 1,23% em abril.
Para Graziano, a subida no preço dos alimentos deve se estender pelos próximos cinco anos, mas pode ser contornada com o aumento da produção da agricultura familiar, o que exigiria controle de preços para os fertilizantes e sementes, além de investimentos em infra-estrutura.
“Quando falamos em dar prioridade à agricultura não é só dar crédito aos agricultores, há uma situação de infra-estrutura que foi abandonada”, criticou Graziano. “Na América Latina existe a necessidade de recursos como energia elétrica para a área rural.” O diretor lembra que a principal conclusão da Conferência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, realizada ao final de maio, em Roma, foi a necessidade de desenvolvimento do setor rural como saída para o combate a fome e a pobreza no campo.
A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) Mirta Roses, presente ao mesmo evento, também defendeu mais investimentos no campo. Para ela, saneamento, educação e saúde se refletem na qualidade de vida e no desenvolvimento regional, reduzindo também os custos da produção.
“A agricultura familiar promove o desenvolvimento sustentável local e tem menos custo agregado, principalmente, no transporte, uma das causas da inflação devido a alta no preço dos combustíveis como a gasolina. Isso reduz ainda os custos com preservação e armazenamento dos produtos”, disse a representante da Opas.
(Agência Brasil, Ambiente Brasil, 12/06/2008)