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crueldade com animais
2008-06-12

Em meio à enorme quantidade de seres humanos mortos no Iraque, é fácil esquecer que para os animais também é difícil sobreviver nesse país. “Ninguém se preocupa com os pobres animais. É natural: ninguém parece tampouco se preocupar com os seres humanos sob ocupação”, disse à IPS o veterinário Sammy Hashim, que vive e trabalha no ocidente de Bagdá. Hashim acrescentou que os animais não podem atender suas necessidades básicas, como “água potável de boa qualidade, boa alimentação e cuidados veterinários, que não estão disponíveis no Iraque desde que começou a ocupação norte-americana em 2003. O governo se queixa quando reclamamos. Diz que os humanos são a prioridade”, afirmou.

Os agricultores parecem ter perdido a esperança. “Tratamos os animais como nossos próprios filhos. Fomos criados para tratar os animais da melhor maneira possível, mas agora está ficando muito difícil”, disse Hamdiya Alwan, de 50 anos, viúva de um agricultor em Abu Ghraib, ocidente de Bagdá. “Custa muito manter uma vaca ou umas poucas ovelhas com os preços tão alto da ração e com a agricultura em situação tão ruim. Das seis vacas e 30 ovelhas que tínhamos antes do assassinato de meu marido em 2004 só me restam uma vaca e quatro ovelhas”, acrescentou.

Haijji Jassim, avicultor da área de Saqlawiya, cerca de 60 quilômetros a oeste de Bagdá, disse à IPS que sua atividade “foi um bom negócio nos tempos das sanções” econômicas impostas pela Organização das Nações Unidas contra o Iraque entre 1990 e 2003. “Os subsídios que recebíamos de nosso governo legítimo se refletia nos preços da carne de frango”, afirmou. Jassim se refere ao regime do presidente Saddam Hussein (1979-2003), executado em dezembro de 2006. “Agora é impossível trabalhar, sem eletricidade nem apoio de nenhum tipo. Esta situação simplesmente pôs fim ao nosso negócio e o governo parece não se preocupar em nada com essa perda tão grande”, acrescentou.

Alguns líderes políticos também vêem isto como parte de um plano para arruinar a economia iraquiana. “A ocupação norte-americana destruiu tudo no Iraque, e isto é parte de um plano exaustivo de demolição”, disse à IPS um membro do conselho provincial de Al-Anbar em Faluja, que falou na condição de não revelar sua identidade devido ao medo reinante. “Os norte-americanos poderiam ter mantido o apoio aos agricultores do regime anterior para manter em funcionamento a agroindústria, mas o interromperam deliberadamente e por completo para destruí-la, como fizeram com nosso exercito e todas as coisas boas que tínhamos”, acrescentou.

Youssif Hussein, professor de economia da Universidade de Al-Anbar, disse à IPS que “matar a agricultura e a criação de animais é uma grande perda para a economia do Iraque” acrescentou que, considerando que o petróleo iraquiano vai enriquecer as corporações norte-americanas, os iraquianos deveriam pensar seriamente em depender da agricultura e da pecuária por muito tempo”, afirmou. Em seu livro “The Shock Douctrine: The Rise of Disaster Capitalism” (A doutrina do choque: o auge do capitalismo do desastre) a jornalista canadense Naomi Klein escreveu que os Estados Unidos seguiram sua campanha de “comoção e surpresa” com uma “terapia de choque”. A receita, segundo Klein, consistiu em “privatizações maciças, um comércio completamente liberalizado, 15% de tarifa alfandegária única, um governo drasticamente reduzido”. Esta política teve entre suas vítimas o negócio agrícola e pecuário.

O Ministério de Recursos Hídricos anunciou no dia 22 de maio que o pior está por vir, pois o país sofre uma escassez de água que poderia levar a uma seca de grande alcance. “A chuva no inverno passado representou 30% de anos anteriores. A seca teve um impacto evidente nos níveis dos rios Tigre e Eufrates e em seus tributários”, disse o ministério. A quantidade total de água armazenada em reservas e lagos iraquianos atualmente chega a 22.070 bilhões de metros cúbicos, 9,190 bilhões a menos do que no ano anterior, calculou o ministério. Como os humanos, os animais sofrerão as conseqüências.


(Por Ali al-Fadhily e Dahr Jamail*, IPS, Envolverde, 10/06/2008)
* Ali al-Fadhily, correspondente da IPS em Bagdá, trabalha em estreita colaboração com Dahr Jamail, especialista da agência em Iraque radicado nos Estados Unidos.


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