Os capixabas já estão perdendo terras agrícolas para plantios de eucalipto que abastecerão a quarta fábrica da transnacional Aracruz Celulose que será construída no Estado. E será uma gigante: produzirá cerca de 1,4 milhão de toneladas anuais. A atual capacidade de produção da empresa em três usinas no Espírito Santo passou para 2,33 milhões de toneladas/ano.
Até o ano passado, a capacidade nominal da empresa com as três fábricas no Estado era de 2,08 milhões de toneladas/ano. Valmir Noventa, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), informou que uma fábrica do porte da que será construída exigirá novos plantios de cerca de 100 mil hectares de eucalipto.
Atualmente, o Espírito Santo tem entre 275 e 300 mil hectares plantados com eucalipto, na avaliação do MPA. O governo do Estado informa que são 210 mil hectares plantados com esta espécie exótica. A quase totalidade dos plantios de eucalipto no Espírito Santo abastece as fábricas da Aracruz Celulose, e a própria transnacional é dona da maioria dos eucaliptais.
A Aracruz Celulose faz mistério com o que chama de "3º Projeto". Diz apenas: "No intuito de alcançar a meta de suprir 25% da demanda mundial de celulose de mercado de fibra curta até 2015, a Aracruz espera anunciar, ainda este ano, um terceiro projeto de expansão" no Brasil. E que "a capacidade nominal desse projeto será próxima a 1,4 milhão de toneladas e a companhia já iniciou a compra de terras e investimentos em silvicultura".
Esta fábrica será no Espírito Santo, com todo o potencial de degradação da parte industrial e dos impactos no campo. Os plantios de eucalipto degradam o ambiente pela destruição da biodiversidade, da água e dos solos. E prejudica as populações tradicionais, que perdem áreas agrícolas e são impactadas com agrotóxicos usadas nos eucaliptais.
Em relação ao seu "3° Projeto" a transnacional Aracruz Celulose assinala em seu site: "esse projeto manterá a companhia em posição de liderança entre os produtores de celulose de mercado de fibra curta, com uma capacidade nominal total de 7,0 milhões de toneladas/ano de celulose até 2015". O que "significa um crescimento de 11% ao ano ou 500 mil toneladas por ano, em linha com o crescimento histórico da empresa desde 1978".
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 11/06/2008)