Integrantes do movimento invadiram a empresa Bunge e a Usina Hidrelétrica Itá
Um confronto no começo da manhã marcou a manifestação da Via Campesina na Indústria de Alimentos Bunge, em Passo Fundo, no norte do Rio Grande do Sul
Pelo menos sete integrantes do movimento foram atingidos por balas de borracha da Brigada Militar, por volta das 9h30min, ao tentar impedir a apreensão de um caminhão que levava alimentos para o grupo.
As manifestações, que acontecem em vários locais do país, também foram concentradas em Aratiba, com a invasão de Usina Hidrelétrica Itá.
O movimento em Passo Fundo começou pouco antes que funcionários entrassem no complexo da Bunge para trabalhar. Mais de 800 manifestantes ocuparam o pátio da empresa para protestar contra o modelo de desenvolvimento do agronegócio e do investimento de transnacionais no país na construção de barragens e indústrias de celulose.
A ocupação, que deveria ser pacífica, se transformou em confronto. Um caminhão carregado com hortigranjeiros, que seriam utilizados na alimentação dos manifestantes e também na distribuição à população, foi barrado por um pelotão de choque da Brigada Militar, que monitorava a ação. Oito ônibus usados para levar os manifestantes foram apreendidos e os motoristas dos veículos, levados para a delegacia.
Os manifestantes tentaram liberar o veículo, quando começou a confusão e tiros com balas de borracha foram disparados pela BM.
Houve pânico, e os manifestantes correram, mas não deixaram o pátio da empresa. Conforme Plínio Simas, que participa do movimento, pelo menos sete agricultores ficaram feridos, entre eles idosos e crianças.
Um dos manifestantes foi atingido no rosto por uma das balas, e o movimento está providenciando ambulâncias para socorrer os agricultores. Conforme Simas, o protesto deve continuar pelos próximos três dias no local.
— Não vai ser com esse tipo de repressão que vamos deixar de expressar nossa opinião — salientou.
Em Aratiba, a ação da Via Campesina se concentrou na Usina Hidrelétrica Itá, onde cerca de 300 integrantes do movimento bloquearam a estrada principal que dá acesso à casa de força da usina na rodovia Aratiba-Itá (RS-420), que atravessa a barragem.
Os manifestantes chegaram de ônibus ao local no começo da manhã. O movimento está sendo monitorado por cerca de 35 policiais da Brigada Militar.
Na divisa do Estado, outro pelotão da Polícia Militar catarinense monitora o local para impedir que novos grupos se juntem aos manifestantes que estão no RS.
Na casa de força da usina, o trabalho continua normal, e nenhuma atividade de geração foi interrompida. Os manifestantes constróem barracas às margens da rodovia onde pretendem se instalar até o fim da mobilização.
(Por Marielise Ferreira, Zero Hora, 10/06/2008)