Um acordo entre a Alemanha e a França para cortar as emissões de dióxido de carbono (CO2) de novos veículos recebeu as boas vindas da Comissão Européia hoje, porém montadoras de veículos e grupos verdes criticaram o compromisso. A Comissão, braço executivo da União Européia (UE), havia proposto limitar as emissões de novos carros em 120 gramas de CO2 por quilômetro, na média, a partir de 2012. Berlim e Paris disseram ontem que iriam apoiar fortemente este objetivo.
As duas maiores nações fabricantes de automóveis da Europa vem tentando alcançar um compromisso de reduções de CO2 há meses, com a Alemanha temendo que a proposta inicial da Comissão trouxesse desvantagens para a indústria automobilística em países fora do bloco. Mas ambientalistas dizem que cortes sob um novo acordo seriam feitos muito lentamente, com poucas penalidades para quem descumprisse.
O porta-voz da Comissão Amadeu Altafaj Tardio afirmou: “Nós damos boas vindas à convergência das visões de dois países-membros que possuem uma indústria automotiva significativa”. “É uma convergência a proposta da Comissão, o que é um segundo importante elemento a ser destacado”, completou. “O processo ainda está seguindo, então não há dúvidas em fazer ementas a proposta neste estágio.”
O grupo industrial alemão BDI disse que a chanceler Angela Merkel defendeu fortemente os interesses das indústrias do país na sua conversa com o presidente francês Nicolas Sarkozy, ontem na Bavária. “Não é uma solução ótima, mas aceitável”, disse o diretor de gerenciamento da BDI, Werner Schnappauf. Mas os partidos verdes de oposição da Alemanha e grupos de pressão do Greenpeace criticaram tenazmente a proposta, acusando Merkel de colocar os interesses das montadoras a frente das preocupações ambientais.
“Com todas a letras miúdas que eles apresentaram, a meta não será mais 120 gramas de CO2 por quilômetro em 2012, mas saltará para 138 gramas em alguma data não especificada”, disse um ativista de transportes do Greenpeace da UE, Franziska Achterberg. A Federação Européia de Transportes e Meio Ambiente (T&E, na sigla em inglês) disse que o acordo atingiria o desenvolvimento de carros com melhor eficiência de combustíveis na UE durante a próxima década e pediu aos outros 25 países-membros que vetassem o plano.
“Eles querem manter a Europa preocupantemente dependente da importação de petróleo do Oriente Médio e da Rússia e não fazem nada em relação às contas da região com importação de petróleo, que na última sexta-feira esteve em € 1 bilhão (US$ 1,56 bilhão) por dia”, disse Aat Peterse, da T&E.
(Carbono Brasil, 10/06/2008)