O Presidente norte-americano George W. Bush considerou hoje "possível" um acordo mundial para combater as alterações climáticas antes do final do seu mandato, em Janeiro de 2009. "Penso que podemos chegar a um acordo sobre as alterações climáticas mundiais durante a minha presidência", declarou aos jornalistas, no âmbito de uma cimeira União Europeia - Estados Unidos, na Eslovénia.
Esta questão divide os europeus e os norte-americanos. Os primeiros consideram que a única forma de conseguir reduzir as emissões de gases com efeito de estufa é fixar metas vinculativas. Já os Estados Unidos não querem ouvir falar dessa ideia sem que os países emergentes - como o Brasil, China ou Índia - sejam abrangidos.
De momento, os Estados Unidos são o único país industrializado que recusou ratificar o Protocolo de Quioto sobre alterações climáticas, alegando prejuízos económicos para o seu país. Dado que este acordo internacional expira em 2012, a comunidade internacional lançou-se num processo de negociações para, em 2009, definir um protocolo sucessor. Bush lançou, em 2007, a sua própria iniciativa climática, visando implicar todas as grandes economias mundiais. Foi considerada por muitos como uma forma de concorrer com os esforços da ONU.
O primeiro-ministro esloveno Janez Jansa, que lidera a delegação europeia durante a cimeira, admitiu que a União Europeia e os Estados Unidos têm "pontos de vista diferentes" sobre a maneira de lutar contra as alterações climáticas. "Nós, no seio da União Europeia, consideramos que as restrições obrigatórias (sobre as emissões de dióxido de carbono) são importantes" para conseguir um acordo mundial sobre a matéria, disse aos jornalistas.
Os países da União Europeia fixaram o objectivo ambicioso de redução das emissões em, pelo menos, 20 por cento em 2020. E já não têm muitas esperanças de progressos com Bush na Casa Branca. Esperam, por isso, que o seu sucessor adopte uma posição mais conciliadora, tendo em vista a cimeira de Copenhaga em Dezembro de 2009, onde se prevê a conclusão de um novo acordo mundial.
(AFP, Ecosfera, 10/06/2008)