O lema da Philips é bonito: "sensibilidade e simplicidade". Realmente, a fabricante holandesa de produtos eletrônicos é famosa pela alta qualidade e inovação de seus aparelhos de imagem e som. Mas e a responsabilidade ambiental, onde fica? Toneladas de lixo eletrônico com a marca Philips ganham lixões mundo afora porque a empresa se recusa a adotar um programa mundial de reciclagem, assumindo responsabilidade pelo que fabrica.
Para protestar contra essa política da Philips, ativistas do Greenpeace devolveram à empresa nesta terça-feira parte do lixo eletrônico produzido nos últimos anos. Pequenos montes de restos de aparelhos foram colocados na frente das sedes da empresa na Holanda, Dinamarca, Rússia e Índia, para mostrar ao mundo a falta de sensibilidade da Philips com a saúde de milhões de pessoas e também do meio ambiente, que sofre com o despejo desse material - muitas vezes tóxico - em lixões e aterros. Boa parte desse lixo acaba em países em desenvolvimento.
"Se a Philips continuar recusando a assumir essa responsabilidade, o resultado será uma grande quantidade de lixo eletrônico se espalhando por todo o mundo, expondo as pessoas e o meio ambiente a um coquetel de substâncias tóxicas", afirma Martin Besieux, da campanha de Tóxicos do Greenpeace Internacional.
E a solução é simples: a Philips deveria criar voluntariamente programas de reciclagem em todos os países em que seus produtos são vendidos, principalmente na Rússia, Índia, Argentina e Tailândia. Esses países têm discutido legislações nacionais para o lixo eletrônico, e a empresa poderia aproveitar o momento para liderar a questão, adotando o princípio de responsabilidade individual do fabricante pelos rejeitos.
No entanto, a estratégia da Philips beira o nonsense. A empresa tem afirmado publicamente que a reciclagem é uma responsabilidade compartilhada entre consumidores, governos e fabricantes, e por isso tem feito lobby pesado contra novas leis que tornem as empresas as responsáveis diretas pelo lixo eletrônico. E mais: para a empresa, os consumidores devem pagar pela reciclagem.
"Empresas como a Sony, Samsung e Nokia já iniciaram programas voluntários de reciclagem, até mesmo em países que não têm lei obrigando essa ação. A Philips deveria fazer o mesmo", afirma Besieux. Os programas voluntários de reciclagem têm ainda o benefício de encorajar as empresas a eliminar o uso de substâncias tóxicas de seus produtos, para permitir uma reciclagem mais segura, além de reduzir custos.
(Greenpeace, 10/06/2008)