A Doença do Caranguejo Letárgico (DCL), que mata o caranguejo-uça, e que atingiu o Estado pela primeira vez em 2005, retornou ao mangue Piraquê-mirim, em Aracruz, norte do Espírito Santo. A confirmação é da prefeitura do município, que garantiu já ter alternativas para os catadores da região.
Segundo a assessoria do órgão, a doença foi confirmada após análise de alguns caranguejos encontrados mortos pelos próprios catadores na região. Primeiramente, a suspeita era que a doença já havia contaminado também o mangue Piraquê-açu, mas segundo a prefeitura, essa hipótese está descartada.
A informação é de que dezenas de caranguejos apresentaram os sintomas da doença. Em uma das coletas do Projeto de Larvicultura promovido para as comunidades ribeirinhas, dos 11 caranguejos recolhidos, quatro estavam contaminados com a doença.
A DCL é periódica, e a orientação dos técnicos é que a cata seja temporariamente suspensa. Neste contexto, os projetos de sustentabilidade desenvolvidos na região, como o de criação de peixes (tilápias e robalos) em tanque rede no próprio rio, assim como a criação de ostras em gaiolas e o repovoamento do mangue serão intensificados, para suprir a necessidade dos catadores prejudicados com a doença.
Estudos apontam que poucos caranguejos, principalmente os mais jovens, conseguem sobreviver à doença. O animal contaminado não reage a estímulos e não resiste à manipulação, morrendo em 12 horas.
A doença é causada pelo fungo do filo Ascomycota, subfilo Pezizomycotina, como aponta um grupo de pesquisadores do Paraná. Tal pesquisa não é conclusiva, mas especialistas destacam que não há registro de contaminação a humanos.
A doença foi identificada pela primeira vez há 13 anos no Nordeste. No Espírito Santo, primeiro chegou em São Mateus e, na seqüência, Conceição da Barra, no norte. Depois disso, a doença se alastrou para o manguezal de Goiabeiras, na Grande Vitória, deixando centenas de catadores sem emprego.
Na ocasião, uma lista informando a interdição de alguns mangues para evitar o avanço da doença do Caranguejo chegou a ser entregue ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) pedindo, inclusive, subsídios aos catadores de caranguejo dos municípios de Conceição da Barra, São Mateus, Aracruz, Fundão, Serra, Cariacica, Vitória, Vila Velha, Guarapari e Anchieta.
Ao todo, há 1.050 trabalhadores que vivem exclusivamente da cata do caranguejo no Estado. A economia do caranguejo gira em R$ 40 milhões anuais. Além dos catadores profissionais, outras quatro mil pessoas serão indiretamente afetadas pela medida, como garçons e comerciantes.
(Por Flávia Bernardes, Século Diário, 10/06/2008)