Dados fornecidos pelo Ibama, em recente mapeamento realizado pelo órgão, apontam que o Documento de Origem Florestal (DOF), que controla o fluxo de produtos extraídos da floresta, detectou um movimento de mais de R$ 6 bilhões no setor madeireiro no período de um ano e quatro meses. Conforme os números, foram transportados cerca de 13,5 milhões de metros cúbicos de madeira, 10,6 milhões de metros cúbicos de carvão vegetal nativo e 1,87 milhão de resíduos de lenha. Entre os produtos transportados entre 2006 e 2007, estão palmito, óleos essenciais, madeira serrada, tora, lâmina, carvão vegetal e lenha.
Ainda conforme os dados, o Estado do Pará aparece em primeiro lugar no transporte de madeira em tora, madeira serrada e lenha. Foram transportados 2,6 milhões de madeira em tora em todo o País, fator que somou R$ 168,8 milhões. Deste total, o Pará transportou 48% do volume, seguido do Amazonas, com 17% e Rondônia, com 9%.
A madeira serrada, que totalizou 8 milhões de metros cúbicos, gerando a soma de mais de R$ 4 bilhões, teve 43% oriunda das florestas do Pará. O mesmo aconteceu com a saída de lenha, que apontou cifras superiores a R$ 20 milhões, sendo que o Pará foi responsável por 42% do transporte, tendo utilizado o DOF apenas nos primeiros meses de funcionamento do sistema. De acordo com o relatório do Ibama, Minas Gerais é quem mais absorve a madeira extraída no Pará. Com a ajuda do DOF, o órgão detectou que a maior parte da madeira serrada extraída na Amazônia, segue para os Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, sendo que Mato Grosso, Pará e Rondônia são os principais fornecedores. Com os dados do relatório, o Ibama tenta mapear a rota da madeira em tora, da área de exploração até as serrarias.
O mapeamento detectou que foi registrada a comercialização de 1.655 espécies de madeira, desde o início do funcionamento do DOF, até dezembro do ano passado. Curiosamente, somente 34 espécies são responsáveis por metade do volume total transportado, sendo que 25 delas concentram metade do valor total do que foi vendido. Pelo relatório, o jatobá foi o produto que movimentou o maior montante: R$ 249 milhões.
Em 2007, Ibama realizou mais de 160 operações de combate ao desmatamento
O Ibama realizou no ano de 2007 mais de 160 operações de combate ao desmatamento na Amazônia. Boletins indicativos de desmatamento permitiram direcionar as ações para áreas de corte raso na floresta. Guiados pelas imagens de satélite, os fiscais sobrevoaram polígonos de desmatamentos e queimadas e vasculharam matas e rios em busca de motosserras. As operações também atentaram para a vistoria de planos de manejo, destruição de fornos clandestinos, embargo de terras desmatadas ilegalmente e autuação de responsáveis por danos ambientais.
Em 2007, os agentes do Ibama atuaram também na repressão do furto de espécies nobres, entre elas o mogno, que estava sendo contrabandeado por madeireiros peruanos. No segundo semestre, o Ibama recebeu os sinalizadores do Alerta de Detecção em Tempo Real (Deter) do avanço de desmatamento no Pará, em Mato Grosso e em Rondônia.
Só neste período foram 20 operações de fiscalização direcionadas aos 40 municípios com os maiores índices de derrubadas. No Pará, foram embargadas 37,8 mil hectares de áreas desmatadas e queimadas. Durante o ano todo foram aplicadas no Estado mais de R$ 300 milhões em multas, resultando na paralisação de 262 fornos e fechamento de 35 empresas do setor que estavam agindo de forma ilegal. Os agentes aprenderam ainda mais de 78 mil metros cúbicos de madeira e 39 mil metros cúbicos de carvão vegetal sem origem comprovada.
De acordo com o relatório, para alimentar o pólo siderúrgico do Pará com carvão vegetal, é necessário desmatar 190 mil hectares de mata nativa. Um levantamento do passivo ambiental de oito siderúrgicas do Pólo Industrial de Marabá resultou na aplicação de 150 milhões em multas. No Estado, foram criadas quatro bases operativas ao longo da BR -163, nos municípios de Santarém, Itaituba, Novo Progresso e Castelo de Sonhos, municípios onde a floresta é bastante explorada com o avanço do plantio de soja e da atividade pecuária.
Nestes locais foram lavrados R$ 8,4 milhões em multas e embargados mais de 4 mil hectares de terra da região. No local conhecido como Terra do Meio, na região de Altamira, foram aplicadas mais de R$ 11 milhões em multas .
(Amazônia Hoje,
FGV, 09/06/2008)