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gás tóxico substâncias químicas tóxicas
2008-06-10

Ambientes com mau cheiro? Fumaça de cigarro? Uma nova tinta para paredes é capaz de desintegrar as substâncias tóxicas do ar. Esta descoberta pioneira já é utilizada com sucesso em espaços internos e também pode ser usada externamente. “Trata-se de imitar o maravilhoso processo da fotossíntese e, de maneira similar, como fazem as plantas, provocar uma reação a partir da luz solar que elimine as substâncias nocivas”, explicou ao Terramérica o professor Horst Kisch, doutor em Química e responsável pela equipe do Instituto de Química Inorgânica da Universidade de Erlange (Alemanha), que realizou as pesquisas.

A pintura consegue desintegrar substâncias como o monóxido de carbono, o formoldeído, o dicloroetileno, o benzeno e os óxidos de nitrogênio. E o faz de maneira que não contamina. A descoberta se baseia em um pigmento chamado dióxido de titânio, que há muito tempo é usado em pasta de dentes e pinturas, mas que neste caso funciona como fotocatalisador, provocando reações químicas determinadas ao ser estimulado pela luz. Assim, as reações deste pigmento, habitualmente inibidas quando usado em produtos como dentifrícios, aqui foram bem-vindas e atuaram como ponto de partida para os trabalhos de pesquisa.

Sem manipular, o pigmento absorve energia das radiações ultravioletas que atingem sua superfície ativa e, no contato com o ar, coloca em marcha reações que fragmentam as moléculas prejudiciais em partículas completamente inócuas. O sucesso de Kisch e seu grupo de pesquisadores foi modificar a estrutura deste pigmento, o dióxido de titânio, de tal maneira que reaja mesmo diante de uma baixa luminosidade, como nos dias nublados, e com luz artificial.

“É um desenvolvimento muito importante, os materiais reagirem com luz do dia, e que desta forma possam degradar partículas presentes no ar. E o professor Kisch foi realmente o primeiro a conseguir isso”, afirmou ao Terramérica o doutor em Química Detlef Bahnemann, do Instituto de Química Técnica da Universidade de Hannover. ”Trata-se de uma questão de saúde, sobretudo se pensarmos que a pintura pode desintegrar as partículas nocivas provocadas pelo cigarro, ou pelas emanações de gases como o formoldeído, que é desprendido por alguns móveis”, acrescentou Bahnemann.

De acordo com os pesquisadores, em um teste feito em uma oficina, a aplicação desta emulsão nas paredes reduziu em 80% a concentração das substâncias nocivas. A tinta já está disponível no mercado, com o nome de StoClimasan (para interiores) e StoPhotosan (para exteriores). Seu preço pode ser cinco vezes maior do que o dos produtos comuns. Uma lata de 15 litros para interiores custa, na Alemanha, o equivalente a US$ 280 e rende cem metros quadrados. A de exteriores custa US$ 320 e permite pintar apenas 80 metros quadrados. O preço aparece como principal obstáculo para sua utilização em massa, principalmente em lugares públicos.

Para Bahnemann, este problema pode ser abordado com uma adequada intervenção do Estado. “Deveria ser dada importância à utilização deste tipo de pintura em espaços públicos. Seu maior valor está totalmente justificado”, afirmou. “Pensemos em sua contribuição ambiental, ao desintegrar substâncias como óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, ou diferentes gases provenientes de processos de combustão, sejam de centrais elétricas, automóveis ou chaminés”, acrescentou.

As pesquisas demoraram apenas cinco anos. “Estamos particularmente orgulhosos de, em tão pouco tempo, conseguir um avanço da pesquisa básica em um produto técnico”, disse Kisch.

Quanto ao uso do produto em exteriores, os próprios pesquisadores reconhecem que ainda é difícil medir sua efetividade. Mas já há mais de uma centena de empresas alemãs pesquisando a fim de conseguir, a partir do mesmo principio, produtos aplicáveis a outras superfícies, como móveis, e tapetes, e que possam purificar não apenas o ar, mas também as próprias superfícies. Por sua original contribuição, o invento foi distinguido na última edição do Prêmio à Inovação da Economia, patrocinado pelo Ministério da Economia.

(Carbono Brasil, 09/06/2008)


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