Dois geólogos da Universidade do Arizona, Estados Unidos, criaram um novo modelo do interior da Terra, reunindo pela primeira vez uma série de hipóteses e informações recolhidas por experiências ao longo dos últimos anos, mas que até agora eram desconexas e até contraditórias.
"Mas nós descobrimos que há um quadro único que é compatível com todas essas diferentes descobertas," diz Edward Garnero, que desenvolveu o novo modelo juntamente com seu colega Allen McNamara.
Movimento do manto
O resultado é um novo corpo teórico consistente e que explica o movimento do manto - a porção do interior da Terra entre a crosta e o núcleo - de forma consistente com as mais recentes medições sismológicas. Segundo os pesquisadores, há pelo menos 20 versões diferentes de explicações sobre o manto sendo ensinadas nas escolas hoje.
Manto heterogêneo
O novo modelo descreve essa porção do interior da Terra como quimicamente complexo, em clara oposição ao paradigma tradicional de um manto homogêneo, tanto química, quanto fisicamente.
O modelo tradicional descreve o interior da Terra na forma de esferas concêntricas simples, representando o núcleo, o manto e a crosta. Mas o interior da Terra não é assim tão simples, dizem os cientistas.
O interior da Terra está longe de ser um depósito empoeirado onde está registrada a história geológica do nosso planeta. Ao contrário, ele está em constante movimento e sofrendo alterações o tempo todo.
O movimento das placas tectônicas, por exemplo - que explica desde a separação dos continentes, até os terremotos - tem explicações totalmente diferentes se o manto é isoquímico ou heterogêneo, formado por diferentes tipos de substâncias. Garnero e McNamara propõem justamente este último caso, que o interior da Terra é formado por inúmeros elementos químicos diferentes.
Bibliografia:
Structure and Dynamics of Earth's Lower Mantle
Arizona State University
Science
May 2008
Vol.: 320. no. 5876, pp. 626 - 628
DOI: 10.1126/science.1148028
(Inovação Tecnológica, 09/06/2008)