Índice do Estado está abaixo da média nacional, que é de 56%
Menos de 10% da população catarinense é atendida pela rede de coleta de esgoto. O número refere-se ao ano de 2006 em pesquisa feita pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e foi divulgado nesta segunda-feira pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) e o Instituto Trata Brasil. O índice de Santa Catarina está abaixo da média nacional, que era de 56% em 2000.
Comparado com os outros estados da região Sul, Santa Catarina fica em último lugar. Enquanto cerca de 560 mil catarinenses possuem esgoto em suas casas, os número de paranaenses chega a mais de 4 milhões, equivalente a 42,6% da população. No Rio Grande do Sul, o índice é de 23,47%, ou seja, 2,5 milhões de habitantes.
— Aqui, algumas regiões não têm um metro sequer de rede de esgoto. É uma situação complicada e vexatória para o Estado — comentou o presidente da ABES, engenheiro Paulo José Aragão.
Entre as regiões às quais Aragão se refere estão Oeste e Vale do Itajaí, onde o índice de atendimento não passa dos 3,5%. No Extremo-Sul, simplesmente não há rede coletora de esgoto.
Em contrapartida, Litoral e Extremo-Norte possuem os maiores índices, ainda baixos comparados a média nacional. Eles correspondem a 25,04% e 17,05%, respectivamente.
— São níveis africanos e asiáticos de tratamento de esgoto que não condizem com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Santa Catarina, um dos melhores do país — afirmou o diretor executico da Trata Brasil, Raul Pinho.
R$ 20 bilhões para resolver o saneamento do Estado
De acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira pela ABES, Santa Catarina precisaria de R$ 20 bilhões para suprir o déficit em saneamento básico até 2020.
— O Estado está em situação crítica. Precisamos fazer nosso dever de casa, mas temos sérios problemas com falta de projetos e investimento. Enquanto Santa Catarina vai para o quinto financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para estradas, nenhum é feito para saneamento — informou o presidente da ABES.
De acordo com o relatório, o orçamento de saneamento básico tem três fontes de recurso: o orçamento geral da União, a Caixa Econômica Federal com Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Além disso, existem os recursos dos próprios municípios e estados.
Comparando o investimento em saneamento nos estados da região Sul com recursos do FGTS entre 2004 e 2007, mais uma vez Santa Catarina fica em último lugar. Foram R$ 382 milhões para o Rio Grande do Sul, R$ 369 milhões para o Paraná e R$ 117 milhões para Santa Catarina.
(Por Tatyana Azevedo, ClicRBS, 09/06/2008)