A Petrobras planeja construir novas unidades de fertilizantes no país, em meio à forte demanda pelo produto, e deve voltar a licitar reservas de potássio que possui na Amazônia e para as quais não encontrou compradores em tentativas anteriores.
Com duas plantas de uréia e amônia para produção de matérias-primas para fertilizantes em funcionamento hoje, na Bahia e em Sergipe, a estatal estuda a melhor localização para as novas unidades, afirmou à Reuters o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Os planos da estatal para a área vêm a público em meio a discussões no governo sobre a elevação da oferta de adubos.
O tema foi um dos principais na reunião ministerial desta segunda-feira, em Brasília. O governo quer reduzir a dependência externa dos fertilizantes e ampliar a oferta, visando um consequente aumento na produção de alimentos.
"Estamos avaliando novas plantas para suprir o mercado brasileiro, que é bastante demandador de fertilizantes", disse Costa após participar de assembléia extraordinária de acionistas que aprovou a criação da Companhia Petroquímica do Sudeste.
O diretor afirmou também que a Petrobras poderá voltar a licitar as reservas de potássio na Amazônia que tentou vender em uma licitação que se estendeu de 2006 a 2007, sem sucesso. A empresa não pretende atuar na exploração do mineral, atividade na qual não atua.
"Ela (a licitação) pode voltar na hora que tiver interessados", afirmou Costa lembrando que o preço mais alto dos fertilizantes deve estimular a concorrência pelo ativo desta vez.
O potássio, encontrado no mineral silvinita, está depositado numa região chamada Nova Olinda, às margens do rio Madeira, a 1,2 mil metros de profundidade, informou a empresa, que estima reservas significativas no local.
Os primeiros furos na região foram feitos nas décadas de 1970 e 1980, pela Petromisa, subsidiária de mineração da Petrobras extinta pelo governo Collor.
Falta de gás
Costa lembrou que a Petrobras já tinha planos há alguns anos de fazer mais plantas de fertilizantes, mas por depender do gás natural que vinha da Bolívia o projeto foi abortado em 2006, com a nacionalização dos ativos do país vizinho.
"No passado chegamos a fazer uma avaliação detalhada que usaria o gás vindo da Bolívia, mas teria que trabalhar com a duplicação do gasoduto, que não saiu", explicou.
Com a nacionalização dos ativos de empresas estrangeiras pelo governo Evo Morales a Petrobras suspendeu um plano de investimentos que iria duplicar o envio de gás para o Brasil, atualmente em 30 milhões de metros cúbicos diários.
De acordo com o executivo, não há dúvidas de que a estatal terá um grande mercado para a produção adicional de fertilizantes, "porque vamos ter incremento muito grande na produção de alimentos e combustíveis", mas ainda não há recursos destinados ao negócio.
"De imediato a gente não tem matéria-prima (gás natural)...o ponto chave é a localização, onde tem a matéria-prima", complementou Costa.
A empresa está apostando também na produção de água de xisto, produto já comercializado pela companhia e que reduz a necessidade de utilização de fertilizantes.
(Por Denise Luna, Agência Estado, 09/06/2008)