A medida mais urgente a tomar para travar o aumento dos preços das matérias-primas agrícolas é uma redução drástica dos programas de subsídios aos biocombustíveis, apelou hoje Stefan Tangermann, director para a Agricultura na OCDE (Organização de cooperação e desenvolvimento económico).
“Apelo, com urgência, à redução dos apoios aos biocombustíveis”, declarou este responsável da OCDE numa conferência sobre agricultura em Berlim. “É a única alavanca que podemos accionar rapidamente”, acrescentou. Para a OCDE, os preços agrícolas, e especialmente dos cereais, vão continuar elevados e o desenvolvimento dos biocombustíveis pesa cerca de um terço desse aumento.
O papel dos biocombustíveis na subida dos preços agrícolas é muito controverso. Os grandes produtores de etanol, como os Estados Unidos e o Brasil, refutam qualquer ligação entre o desenvolvimento destas culturas e o aumento dos preços. Na semana passada, a questão dos biocombustíveis ocupou grande parte dos debates na cimeira da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) em Roma, mas não foi negociado nenhum compromisso concreto sobre esta matéria.
Entre os defensores dos biocombustíveis está a Comissão Europeia, que fixou aos países membros uma meta de dez por cento de biocombustíveis nos transportes até 2010. Este objectivo é “imperativo”, disse hoje Klaus-Dieter Borchardt, chefe-adjunto de gabinete da Comissária europeia para a Agricultura, Mariann Fischer Boel, recusando a tentação de fazer dos biocombustíveis o “bode expiatório” da subida dos preços agrícolas.
Segundo Klaus-Dieter Borchardt, “a primeira geração de biocombustíveis é uma fase de transição necessária antes de passar à segunda”, que fará a produção de energia não a partir de matérias-primas agrícolas mas a partir de resíduos, por exemplo.
(AFP, Ecosfera, 09/06/2008)