A gaseificação do carvão tem sido um dos objetivos do sindicato das indústrias extratoras de SC (Siecesc) nos últimos anos. O presidente da entidade, Ruy Hülse, acredita que, com o gás, se obterá uma solução regional de matriz energética para cerâmicas branca (revestimentos) e vermelha (tijolos e telhas).
Mas o calor, além de aquecer fornos e acionar turbinas, pode ter um uso doméstico, arrisca Hülse.
- Sou otimista para o seu uso. Não somente como fonte de energia, mas como fonte de calor e matéria-prima a partir dos resíduos da gaseificação. Daria uma importante projeção ao carvão.
Produzir gás, energia limpa, a partir do carvão, mineral gerador de polêmicas ambientais, é apenas uma maneira de remissão de uma poluição centenária ocasionada pela extração no Sul do Estado, ressalta Hülse. Isso porque o crescimento da atividade extratora implica na abertura de novas minas, e com ela novas polêmicas.
Segundo Hülse, para atender a demanda da Tractebel, compradora do carvão do Sul do Estado, existe um plano de abertura de nove minas para os próximos 10 anos.
- Tudo isso será feito com planos diretores e vamos procurar entendimento. Mas é impossível ignorar que tudo isso vem ao encontro de novos mercados e de um futuro promissor para o carvão - projeta Hülse.
No Sul do Estado, somente a indústria cerâmica utiliza gás natural boliviano - responde por 50% do consumo no Estado. Diante do ambiente econômico instável do país andino e de ameaças recentes de desabastecimento, a transformação do carvão desperta o interesse do setor.
Custo é a principal ressalva das cerâmicasO presidente do Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma e Região (Sindiceram), Otmar Müller, entende que uma alternativa de fornecimento aliviaria essa dependência do produto boliviano.
- A notícia é ótima, mas o que nos preocupa são as projeções de custo do gás de carvão, que pode ser superior ao do gás natural. Sem contar o custo de distribuição.
Apesar da falta de detalhes, Müller recorda que, no passado, algumas empresas realizavam a gaseificação, o que levava a alterações significativas em equipamentos.
Já o presidente do Sindicato das Indústrias, Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Criciúma (Sindimetal) e vice-presidente da Federação das Insdústrias de SC (Fiesc), Guido Búrigo, acredita que, para o segmento, se abre uma nova porta, pois as metalúrgicas usam Gás Liqüefeito de Petróleo (GLP).
- Em relação ao GLP, o gás de carvão pode ter um custo até 70% menor, o que seria muito vantajoso. É energia barata a curta distância.
Para Búrigo, a gaseificação seria uma possibilidade de atração industrial muito grande para a região, respaldada pela tecnologia importada.
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Diário Catarinense, 09/06/2008)