DÍVIDA ECOLÓGICA DEVE SER TEMA CENTRAL NO FORUM SOCIAL MUNDIAL POLUÍDAS
2002-01-30
Cada cidadão do Terceiro Mundo nasce com uma dívida ecológica avaliada em US$ 500 a US$ 600 mil. A estimativa é do professor Joan Martinez Allier, coordenador do curso de Ciências Ambientais da Universidade de Barcelona. Ele acredita que o tema da dívida ecológica deverá permear as discussões do Fórum Social Mundial que se inicia nesta quinta-feira (31/1). Aller lembrou a cultura da dependência que faz parte da história brasileira desde que o Brasil, então colônia de Portugal, vendia pau-brasil, sua maior riqueza da época, a preço de bananas e com o impacto da exploração da natureza e da mão-de-obra. Lembrou que o conceito de externalidades, referidas como impactos ambientais associados a valores que as empresas não computam em seus gastos, já denota uma linguagem dos que têm poder no domínio dos que não têm poder. -No custo da produção de alumínio, por exemplo, não está computada a destruição ambiental, disse. Na avaliação de Aller, a dívida ecológica dos países ricos para com os pobres contempla três questões: o comércio internacional desigual e injusto em termos de normas; a biopirataria, ou seja, a apropriação de conhecimento cultural milenar dos povos para a produção de produtos industrializados pelos países ricos, produtos que depois são revendidos a preço de ouro aos pobres; e o problema da mudança climática, sinalizado principalmente pelo excesso de produção de carbono pela população dos países desenvolvidos, em função de seu elevado padrão de vida. Nesse último debate, diz ele, entra a discussão do chamado ecological footprint, que seria a pegada ecológica do cidadão de cada país, ou seja, o que ele realmente consome em termos de recursos naturais em contraposição à capacidade de a natureza sustentar o seu padrão de consumo.