Sucesso do agronegócio dobra potencial de consumo de regiões produtoras de commodities nos últimos 5 anosA escassez mundial de alimentos provocou um salto na riqueza das cidades do interior do País. Soja, trigo e arroz, por exemplo, nunca tiveram preços tão elevados como os atuais e impactos tão positivos na renda da população das regiões produtoras das commodities.
Um estudo da consultoria Target mostra que o potencial consumo das cidades do interior do País dobrou entre 2003 e 2008 em valores nominais, enquanto as 27 capitais dos Estados tiveram um acréscimo de 70% no mesmo período. Neste ano, as famílias que moram no interior do Brasil devem gastar R$ 1,17 trilhão e o consumo das capitais está estimado em R$ 570,7 bilhões
"Se as capitais tivessem mantido participação na geração de riqueza, o seu potencial de consumo seria bem maior", afirma o diretor da consultoria e responsável pelo estudo, Marcos Pazzini. Nas suas contas, as cidades do interior ampliaram em R$ 64,5 bilhões o consumo entre 2003 e 2008, já descontada a inflação do período, isto é, em termos reais. Só de 2007 para 2008, o acréscimo no potencial de consumo do interior foi de R$ 5,5 bilhões.
A projeção sobre o potencial de consumo foi feita com base nas contas nacionais e na estrutura de gastos dos brasileiros medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram cruzados com informações paralelas, de outras fontes de pesquisa, levando-se em conta que o Produto Interno Bruto (PIB) aumente 4,8% este ano e o consumo das famílias, 6,8%.
SOJA E ARROZ"Sem dúvida, o desempenho do agronegócio é um dos motivos que ampliaram o consumo nas cidades do interior", afirma Pazzini. Ele ratifica essa influência com números. Sorriso, em Mato Grosso, o município que mais produz soja no mundo, ampliou em 190% o potencial de consumo em cinco anos. De 2007 para 2008, o acréscimo foi superior a 30%, diz o estudo.
O diretor da associação comercial de Sorriso, Itamar Perondi, confirma a prosperidade da sua cidade, impulsionada pelos bons preços da soja. Neste ano, o faturamento do comércio até maio cresceu 25% em relação a 2007. "Até novembro, teremos um aeroporto que vai receber vôos regulares", diz o empresário para confirmar o bom momento econômico da região.
Agudo, no Rio Grande do Sul, conhecida como "a capital do arroz", é outro município que teve crescimento expressivo da riqueza. De 2003 para 2008, o acréscimo foi de mais de 100% e, no último ano, de quase 30%, aponta o estudo.
Com uma população urbana de 5 mil habitantes, o presidente da associação comercial de Agudo, Hector Eduardo da Cruz, conta que há seis redes de lojas de departamentos instaladas na cidade e cinco agências bancárias. Por causa da prosperidade do agronegócio, a cidade terá, em breve, um prédio de oito andares. "Até hoje a altura máxima das construções eram edifícios de três andares."
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Estado de São Paulo, 08/06/2008)