O terceiro painelista da primeira noite de encontros preparatórios para Rio+10, que precede o Fórum Social Mudnial, Enrique Leff, foi enfático: não é possível se chegar à Rio+10, em Johannesburgo, na África do Sul, com idéias empobrecidas em relação aos conceitos econômicos que dizem respeito a temas ambientais. Coordenador da Rede de Educação Ambiental da América Latina e Caribe e professor na Universidade Autônoma do México, Leff fez uma dura crítica aos conceitos que alguns economistas sustentam em relação à temática ambiental:-A lei do valor rege a natureza, mas não entra na formação de preços, acusa. Segundo ele, quando se trata de internalizar os custos ambientais (externalidades), reacende-se todo o discurso neoliberal da economia do meio ambiente. -A capacidade de captar carbono, o potencial de ecoturismo, a significação cultural do patrimônio histórico,tudo pasou a ser quantificável por valores de mercado. O discurso do valor está tão fabricado, tão arraigado, que as pessoas, em geral, não se dão ao trabalho de desconstruir conceitos. Há uma dissociação da ordem natural das coisas, em termos de valor. É preciso ver o que vem primeiro, se o homem, o meio ambiente, ou o mercado com a sua lógica excessivamente racionalizante, pondera. Leff acredita que, diante desse impasse, existem apenas duas saídas: ou aceitar a proposta hierárquica assim como ela se apresenta, com a hipervalorização do mercado, ou desconstruir a racionalidade vigente para gerar uma nova racionalidade baseada na natureza. -Queremos um mundo com diversidade ou com padrões de consumo?, perguntou.