O desafio de tornar compatível o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente está no centro das preocupações da segunda edição revisada do livro "O Mito do Desenvolvimento Sustentável - Meio Ambiente e Custos Sociais no Moderno Sistema Produtor de Mercadorias". A obra do pesquisador Gilberto Montibeller-Filho foi publicada pela Editora da Universidade Federal de Santa Catarina com apoio da Fundação de Estudos Socioeconômicos (Fepese) da UFSC. A pesquisa faz um questionamento profundo das atuais possibilidades de atendimento do princípio da igualdade social e ambiental, no qual se fundamenta o conceito de desenvolvimento sustentável.
O autor é um conceituado professor e pesquisador com formação na Sorbonne. Economista, doutor, mestre e especialista em sociedade, desenvolvimento e meio ambiente, Montibeller-Filho lecionou por mais de 20 anos na UFSC e atualmente integra o corpo diretivo da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado (Fapesc), presidida pelo ex-reitor Antônio Diomário de Queiroz. O livro dele é uma contribuição importante para a tomada de decisões visando à transformação das condições socioeconômicas e socioambientais da região e do País. Nele, apresenta a questão do desenvolvimento sustentável dentro de uma macrovisão do capitalismo, enfocando três correntes da economia ambiental ("a neoclássica, a economia ecológica e a economia ecomarxista").
Montibeller-Filho disseca teorias, argumentos, idéias e proposições de autores e pesquisadores selecionados das correntes de pensamento da chamada economia ambiental, procurando vislumbrar chances para a aplicação ou não do desenvolvimento sustentável em escala global num mundo cada vez mais capitalista.
Comentando a obra, o professor e pesquisador Luiz Fernando Scheibe, coordenador do Laboratório de Análise Ambiental da UFSC, afirma que o texto de Montibeller-Filho é claro e didático. Sem comprometer o rigor científico pelo uso de linguagem simples e acessível, o autor consegue analisar, a partir de sínteses elaboradas durante sua docência e formação interdisciplinar, as principais correntes da economia mundial, chamando a atenção para o conceito de troca econômica e ecologicamente desigual, que permite ressaltar os problemas sociais e ambientais das relações entre países e regiões.
Já o professor da Universidade de Brasília (UnB), Gustavo Lins Ribeiro, define o livro como sendo "um trabalho corajoso", lembrando que "até hoje não contávamos com nenhum esforço que se voltasse para a compreensão dos fundamentos econômicos das diversas perspectivas sobre a relação economia/natureza, após a influência que o ambientalismo passou a ter, a partir da década de 80, sobre os tomadores de decisão".
Segundo Montibeller-Filho, a intensificação na segunda metade do século 20 dos problemas relacionados à exploração desenfreada dos recursos da natureza e a degradação ambiental em escala global despertaram a "consciência ecológica" em muitos segmentos da sociedade, fazendo surgir o que denominamos de movimento ambientalista.
(Por Moacir Loth
, A Notícia, 08/06/2008)