Ao discursar na sessão do Senado, na sexta-feira (06/06), o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) anunciou que, a partir desta segunda-feira (09/06) começará a colher assinaturas para a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) destinada a investigar, na Amazônia, as políticas federais de fronteira, indigenista e fundiária.
- Há muita picaretagem na região, por parte de ONGs [organizações não- governamentais] desonestas, de compradores de floresta, de grupelhos brasileiros e estrangeiros com interesses escusos. É preciso passar pente fino nas políticas da Amazônia para que ela continue brasileira. O presidente Lula tem razão quando diz que a Amazônia parece pia de água benta, em que todo o mundo põe a mão - protestou o senador.
Mozarildo propôs uma mobilização nacional para estudar o que deve ser permitido fazer na Amazônia, sem esquecer o crucial aspecto da soberania, uma vez que o Brasil não possui contingentes da Polícia Federal ou do Exército em número suficiente para garanti-la. Ele disse que "está muito na moda" aproveitar-se de dados científicos, distorcê-los ao bel prazer e culpar os amazônidas por todas as mazelas da região.
O senador protestou contra os dados publicados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) segundo os quais Mato Grosso, com 70%, e Roraima, com 25%, aparecem como os dois estados que mais desmataram em abril de 2008 na região amazônica. Para Mozarildo, é preciso olhar com mais rigor esse dados, uma vez que a Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (Femact) de Roraima afirma ser este o estado o mais preservado da região, com apenas 3% de desmatamento.
Mozarildo disse, ainda, que a Femact garantiu haver evidências claras de que houve áreas cumulativas, ou seja, os números relativos ao desmatamento de 2007 foram somados aos de 2008, além de incorporarem savanas, campos naturais que nunca tiveram cobertura florestal, concluiu.
(Por Laura Fonseca, Agência Senado, 06/06/2008)