O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, palestrou, no início da noite de quinta-feira (05/06), no Plenário da Assembléia Legislativa, sobre "A Matriz Energética para o Brasil e Para o Rio Grande do Sul". O evento integra o Diálogos de Convergência, do Programa Sociedade Convergente. O ministro destacou o fato de o crescimento do país estar sendo financiado por recursos próprios e não via endividamento. “Temos no Brasil uma matriz limpa, que representa 46% do total de energia produzido. No mundo todo, a média é de 13%”, ressaltou Lobão. “O que encarece os alimentos no mundo é o petróleo. Os fertilizantes vêm do petróleo”, exemplificou. “Merecemos aplausos e não críticas”.
Estiveram presentes autoridades como o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Alceu Moreira (PMDB), autor do convite ao ministro, o senador Sérgio Zambiasi (PTB), os deputados federais Henrique Fontana (PT) e Eliseu Padilha (PMDB), o secretário de Infra-estrutura de Logística, Daniel Andrade, e o presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, vereador Sebastião Melo (PMDB). Também participaram do evento representantes de universidades, empresários, trabalhadores e da sociedade civil organizada, além dos deputados Miki Breier (PSB), Aloísio Classmann (PTB), Alberto Oliveira (PMDB), Ronaldo Zülke (PT) e Kalil Sehbe (PDT).
“Creio que o parlamento moderno exige um comportamento convergente”, afirmou o ministro Lobão, ao iniciar a sua explanação. “O Rio Grande do Sul é um estado o qual todos os políticos brasileiros deveriam visitar com freqüência. É um estado que tem história e um passado glorioso”. O ministro afirmou que o Brasil é hoje a sexta economia do mundo e que produz 1,8 milhão de barris de petróleo por dia: “Dentro de cinco anos estaremos produzindo 6 milhões de barris”. Ele foi além: “Não somos mais o primeiro dos pequenos países, mas o último dos grandes. Temos que nos posicionar assim. E o país só andará para frente se tiver um estoque de energia como avalista para isso”.
Carvão
“No Rio Grande do Sul temos 96 usinas funcionando e que produzem cerca de 7 mil megawatts. Estamos avançando na construção da hidrelétrica a carvão em Candiota”, afirmou. “Há uma prevenção em relação ao carvão no mundo, mas não devemos pensar deste modo. Com as reservas que temos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina vamos ficar assistindo ao bonde andar? Em nome do quê?”, questionou.
“Vamos autorizar a construção de uma termelétrica a carvão no Rio Grande do Sul para ajudar nossos irmãos do Uruguai”, anunciou. Lobão contou que haverá uma sucursal em El Salvador para passar aos outros países o conhecimento adquirido pelo Brasil na área de energia.
“Temos uma legislação que, em alguns aspectos, está ultrapassada”, lamentou. “Muita coisa terá de ser modificada para que a riqueza mineral seja nacional e não de alguns”, afirmou. “A Petrobras paga cerca de 65% de impostos e as mineradores pagam 12% de impostos. Estas distorções precisam ser corrigidas para que o Brasil seja de fato íntegro”, analisou Lobão.
Perguntas
Ao final, representantes do Fórum fizeram perguntas ao ministro. “Temos uma matriz no Brasil que contempla energia limpa. A energia eólica é limpa, mas ainda é cara e de baixa produção. Tenho muito entusiasmo com a energia eólica, porém o custo tem de ser levado em conta”, afirmou o ministro, ao responder sobre as possibilidades de ampliação do investimento em energia eólica no Rio Grande do Sul. "O senhor, amanhã, conhecerá o maior projeto eólico da América Latina e que tem expectativa de duplicação", lembrou o deputado Alberto Oliveira, que fez um apelo, por meio de um ofício entregue por ele e pelas autoridades que integraram a mesa, para que o governo federal observe o setor com mais velocidade. "Eu e os meus assessores temos o maior interesse em resolver esta questão", garantiu Lobão.
Questionado sobre sua expectativa em relação à participação do sistema universitário nas mudanças da matriz energética brasileira, Lobão foi claro: “As universidades são fundamentais neste processo, principalmente na área de pesquisa. Isso é assim no mundo inteiro, apesar de, durante um tempo, não ter sido assim no Brasil”.
Lobão admitiu a possibilidade de instalação no Estado de um terminal de GNL (Gás Natural Liquefeito), solicitada pela governadora Yeda Crusius.
Independência energética
Ao abrir o encontro, Moreira lembrou o histórico da vinda de Lobão ao Estado. “Nesta decisão produtiva o senhor nos dá a honra de estar conosco nesta noite. O Parlamento gaúcho se orgulha disso, de discutir questões que realmente interessem à sociedade gaúcha”, acrescentou. “Estamos trabalhando com as mais diversas formas de produção de energia possível e incluindo o Rio Grande do Sul nisso”. Moreira propôs a construção de uma agenda com todos os atores políticos, empresariais e técnicos. “O Rio Grande do Sul, que busca sua independência energética, quer estar presente neste processo”, sentenciou.
(Por Vanessa Lopez, Agência de Notícias AL-RS, 06/06/2008)