Criar mecanismos legais para que o Rio Grande do Sul se desenvolva economicamente sem prejudicar o meio ambiente. Este é o apelo que foi feito na sexta-feira (06/06) pelo diretor de Política Ambiental da Força Sindical, Lélio Falcão, durante audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa no XII Seminário Mar de Dentro. Promovido pela Força Sindical e a Comissão de Meio Ambiente do Coredesul, desde segunda-feira (02/06) ambientalistas, pesquisadores, educadores, trabalhadores e empresários discutem na Universidade Católica de Pelotas (UCP) alternativas para garantir o futuro do Estado, em especial da região das bacias hidrográficas que compõe a área do Programa Mar de Dentro.
De acordo com Lélio, as restrições impostas pelo poder público público e organizações não-governamentais estão impedindo a atração de investimentos ao RS, principalmente na Metade Sul, uma das regiões mais deprimidas economicamente, mesmo os estudos apontando que é possível construir sem destruir. "Precisamos de leis que dêem tranqüilidade aos investidores e aqueles que precisam de emprego de prover o desenvolvimento e prever a preservação ambiental. Está muito claro que há um desconhecimento da sociedade sobre o potencial de desenvolvimento de áreas verdes no Rio Grande do Sul sem abalar a natureza", disse.
O deputado Pedro Pereira (PSDB), que coordenou os trabalhos da comissão, também concorda que o progresso e a preservação ambiental podem andar ao mesmo passo. "Não podemos impedir que investimentos na ordem de R$ 10 bilhões cheguem ao Estado, se todos os levantamentos feitos por técnicos e universidades mostram que nenhuma obra de reflorestamento irá prejudicar o ecossistema", enfatizou.
Para o presidente da Força Sindical, Cláudio Janta, "o vilão da degradação do meio ambiente não é o reflorestamento. O grande vilão são a falta de geração de emprego e renda em conseqüência de ideologias restritivas ao meio ambiente". Ele destacou ainda que um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas, hoje, são atitudes individuais como a poluição e a não separação do lixo que vêm se acumulando continuamente. "Queremos formar e conscientizar as pessoas nas grandes cidades, onde se produz toneladas de lixo", explicou.
À tarde aconteceu mais uma rodada de discussões sobre o tema na Câmara de Vereadores de Pelotas, desta vez com a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, presidida pelo deputado Adolfo Britto (PP).
As riquezas naturais do RS
O Pampa ocupa pouco mais de 176 mil quilômetros quadrados no Brasil, mas se estende também pela Argentina e Uruguai, chegando a 700 mil quilômetros quadrados. É uma das maiores regiões de campos do mundo e o único bioma brasileiro restrito a um estado, representando 63% da área do Rio Grande do Sul.
Sua vegetação é dominada por gramíneas e arbustos. Em alguns pontos, se avistam pequenas matas, os capões. As árvores de maior porte são encontradas nas margens dos rios, sangas e arroios. Quanto à fauna, existem 102 espécies de mamíferos, 476 de aves e 50 de peixes e, abaixo do solo do Pampa, está o Aqüífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrânea do mundo dividida entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai.
(Por Roberta Amaral, Agência de Notícias AL-RS, 06/06/2008)