Um litro de óleo é capaz de contaminar um milhão de litros de água. Geralmente, o óleo de fritura utilizado em restaurantes e residências é jogado nos ralos das pias, bueiros, bocas de lobo ou enterrados. Esse despejo irregular pode contaminar o lençol freático, rios, lagoas e mares. Por isso é importante dar o destino correto. A Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) deverá firmar nos próximos dias convênio com empresa especializada no recolhimento do produto saturado. Ações em escolas também podem ser adotadas, assim como atividades de orientação. O resíduo pode ser transformado em sabão, matéria-prima da indústria química ou bio-combustível, até 75% menos poluente que o diesel.
Pioneiros, os moradores do condomínio Nilo Peçanha participam há quase duas semanas da coleta de óleos vegetais. São 160 apartamentos e em torno de 400 pessoas. Há cinco anos o residencial faz a coleta seletiva do lixo. A preocupação com o meio ambiente é muita e o assunto é abordado nas reuniões conjuntas com os proprietários dos imóveis.
Conforme o síndico Jaime Mar, ao saber do serviço de coleta da empresa Ecológica foi solicitada a implantação da bombona para recolhimento. O local, próximo às vagas dos veículos, possui adesivos de identificação. “O tema chama a atenção. Temos a consciência de que com o aumento da população, a educação deve melhorar. A coleta é recente ainda; as pessoas demoram a aderir”, informou.
Incentivos para as escolas
O secretário de Qualidade Ambiental, Roberto Sena, informou que em breve será firmado o convênio com a Ecológica para orientação da população. As diretrizes ainda não estão definidas, mas é provável a realização de atividades nas escolas. “A parceria não terá custos ao município. O objetivo é informar a sociedade e impedir o despejo do óleo de cozinha no esgoto”, disse.
Conforme o gerente operacional da Ecológica, Ronaldo Monteiro, após a formalização da parceria a intenção é aumentar os pontos de entrega. “Divulgar nas escolas a coleta e o destino correto do óleo vegetal é importante. Pretendemos premiar os colégios com material didático, por exemplo. Já recebi ligações de pais pedindo informações sobre nosso trabalho. O mais interessante é que não tem custo algum para o participante”, informou.
Como exemplo, Monteiro citou uma escola de Canguçu. Ao recolher 200 litros de óleo os alunos ganharam um kit de higiene bucal. O Posto do Bubbi é parceiro da Ecológica e disponibiliza uma bombona. Qualquer pessoa pode entregar seu óleo vegetal no local.
Conheça a empresa
A Ecológica é uma empresa gaúcha instalada em Guaíba. A estrutura atual permite receber até 300 mil litros de óleo saturado por mês. São mais de 1,5 mil pontos atendidos em todo o Estado. Em Pelotas, até o final da semana, deve ser finalizado o depósito permanente no trajeto que leva ao aeroporto, no bairro Três Vendas. Monteiro informou que no último carregamento, na quinta-feira passada, foram 13 mil litros.
O processo de coleta
O estabelecimento é cadastrado e recebe um recipiente identificado, com tampa e vedação onde toda a gordura utilizada deve ser depositada. Quando estiver próximo do limite basta entrar em contato com o disque-coleta pelos telefones: (53) 9107-6336 ou (53) 8112-5374. É de responsabilidade da Ecológica o recolhimento destes resíduos, sem que isto incida em nenhum tipo de despesa para os participantes do programa.
Projeto de Lei
Conforme Sena, o envio de um projeto de lei à Câmara de Vereadores não está descartado, caso as atividades de orientação não dêem o resultado esperado. Desde 2003 a SQA emite o alvará de funcionamento apenas com a certificação de destino correto dos resíduos de óleo saturado.
O gerente operacional disse que uma das metas da empresa é aumentar os chamados ecopontos e a adesão dos conjuntos residenciais. Quem quiser participar pode entrar em contato com a Ecológica e mais informações sobre a empresa podem ser obtidas no site.
Danos ao meio ambiente
Muitos bares, restaurantes, hotéis e residências ainda jogam o óleo utilizado na cozinha na rede de esgoto, desconhecendo os prejuízos. Ao jogar na pia, em terrenos baldios ou no lixo, o produto:
* causa entupimento das tubulações se não for separado por uma estação de tratamento e saneamento básico;
* espalha-se na superfície dos rios e das represas e mata a fauna aquática, se não houver um sistema de tratamento de esgoto;
* impermeabiliza o solo e contribui com enchentes;
* entra em decomposição, soltando gás metano. Além de liberar um mau cheiro, agrava o efeito estufa.
(Por Anna Fernandes, Diário Popular, 08/06/2008)