O lixo de 140 municípios gaúchos está ajudando a tornar o planeta um lugar mais limpo. Um sistema de captação e queima de gases gerados em aterro sanitário, desenvolvido em cavas de mineração de carvão a céu aberto em Minas de Leão, destruirá até 90% do metano resultante da decomposição do material orgânico.
Com isso, será possível uma redução anual de cerca de 170 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2), o principal vilão do efeito estufa, despejado na atmosfera. O aproveitamento do biogás para a geração de energia, com potência estimada em 5,5 megawatts, faz parte da segunda etapa do projeto, ainda sem prazo para iniciar.
Primeiro do gênero no Estado, o projeto entrou em operação em maio, sob a coordenação da Sil Soluções Ambientais, do Grupo Copelmi. Com investimento de cerca de R$ 6 milhões, começou em abril de 2007, quando a empresa negociou com o fundo japonês Japan Carbon Finance (JCF) a venda de créditos de carbono obtidos pela captura de gás metano. No âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, implantado com base no Protocolo de Kyoto, a Sil recebeu permissão da Organização das Nações Unidas (ONU) em janeiro de 2007.
- O lixo de 140 municípios é processado em uma área de 45 hectares - explica Fernando Hartmann, vice-presidente da Sil.
O processo envolve o uso de válvulas e tubulações para interligar os drenos de gás e conduzi-lo até a planta de sucção e queima. A queima é feita por um equipamento de controle de poluição aérea denominado flair (tocha) enclausurado. O processo conta com uma estação de tratamento de efluentes líquidos (chorume).
A Sil pretende captar 100% dos recursos investidos por meio de contratos com seus clientes, formados por prefeituras e empresas coletoras de lixo. Situado em área de 500 hectares, o aterro comporta até 13 milhões de metros cúbicos e tem vida útil de 17 anos.
Em torno de 2,2 mil toneladas de lixo são transportadas diariamente para o local por cerca de 80 caminhões. O aterro atende um terço dos municípios do Estado, como Porto Alegre, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Santa Cruz e Bento Gonçalves.
(Por Marçal Alves Leite, Zero Hora, 08/06/2008)